Professores têm dificuldades para usar TV Pendrive

. 05 novembro 2010

Desde o ano passado, aparelhos de televisores foram adquiridos pelas escolas públicas estaduais com a função de ser um mediador didático. No entanto, os professores têm dificuldades para utilizar os televisores pendrive na sala de aula.

Para Lúcia Sobreira, professora do Colégio Ruy Barbosa em Juazeiro-BA, um dos motivos é a insuficiente capacitação para gestão dos equipamentos. Ao inserir a tecnologia no cotidiano escolar, o governo do Estado da Bahia promoveu cursos de capacitação mantidos pelos Núcleos de Tecnologia Educacionais. Porém, a iniciativa foi insuficiente. “Foi apenas um dia de capacitação, o estímulo foi muito pouco. Os professores deveriam ser mais treinados”, afirma Lúcia.

Para usar a tecnologia pendrive, os professores necessitam de conhecimentos de informática como: reconhecimento dos formatos de áudio (MP3 e WMA), imagem (JPEG) e vídeo (AVI e MPEG1, MPEG2 ou MPEG4) que são compatíveis com o aparelho, realização de downloads e conversão de arquivos. A ausência da aprendizagem da sistematização do equipamento compromete o manuseio, tornando-o inviável. “Alguns professores a partir do curso passaram a utilizar, mas outros têm dificuldades e não conseguem, devido a conversão de arquivos para os formatos aceitáveis pelo aparelho”, relata a professora Constância Sousa.

Segundo José Carlos Rocha, professor monitor do Núcleo de Tecnologia Educacional de Juazeiro, os educadores necessitam de uma capacitação continuada para usar a tecnologia e a utilização dos televisores deve ser incluído no planejamento pedagógico. “Não é a tecnologia que vai mudar o ensino. Tem que haver políticas públicas que garantam mudanças didáticas e pedagógicas das escolas. As tecnologias são apenas potencializadoras do ensino”, conclui José Carlos.

Para o doutor em ciências da computação e especialista em educação, Ricardo José Rocha Amorim, as tecnologias são solicitadas pelas secretarias de educação, mas não são inseridas no planejamento didático nem ocorre a associação entre o projeto político pedagógico ao tecnológico. “Não adianta ter um laboratório com muitos computadores, se nas aulas não há uma explicação dizendo onde cada ferramenta deve ser utilizada”, explica Ricardo Amorim. O professor deve planejar o uso e identificar os momentos que caberiam o auxílio da ferramenta tecnológica.

Apesar das deficiências no uso do sistema pendrive e a falta de planejamento dos educadores da rede pública estadual, os professores que usam a TV Pendrive reconhecem uma melhoria nas atividades pedagógicas, pois os monitores exibem filmes, vídeo aulas, músicas e imagens e facilitam a compreensão dos conteúdos. “As aulas ficam mais dinâmicas e interessantes e auxiliam na exemplificação dos assuntos”, conta a professora de biologia do Colégio Ruy Barbosa em Juazeiro-BA, Constância Sousa.

Ainda este ano, o Governo do Estado da Bahia tem o objetivo de distribuir 22 mil televisores de 29 polegadas com entradas de cartão de memória e pen drive para toda a rede estadual de educação. Considerada uma ferramenta que melhora os processos de ensino- aprendizagem, a TV pendrive requer planejamento para se tornar funcional. É este o desafio que se impõem aos educadores e ao sistema público de ensino.

Por Juliane Peixinho (Texto) e Larissa Nascimento (Foto). Matéria publicada com exclusividade no Jornal Folha do São Francisco, edição do dia 01 de Novembro de 2010.