Caatinga preservada contribui para equilíbrio ambiental

. 13 abril 2011


A desertificação e a emissão de gás carbônico na atmosfera são ações que contribuem com o efeito estufa e o aquecimento global e, consequentemente, com as mudanças climáticas, o que gera problemas ambientais que afetam a vida de milhões de pessoas em todo o mundo.

No Brasil, a desertificação é um fator que vem gerando graves problemas ambientais e sociais. O país detém atualmente, uma área de mais de 180 mil quilômetros quadrados afetados por esse fenômeno. No Nordeste, o problema já atinge mais da metade de suas terras (55,25%). As regiões de Cabrobó em Pernambuco, Gilbués no Piauí, Seridró, no Rio Grande do Norte, e Irauçuba, no Ceará, formam os maiores núcleos de desertificação. Só nessas regiões, de clima semiárido onde a caatinga predomina, as atividades que utilizam queimadas e extração de madeira têm produzido a degradação de mais de 18 mil quilômetros quadrados.

De acordo com o pesquisador Everaldo Sampaio, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a caatinga fixa aproximadamente 35 toneladas de carbono por hectare em um período de 20 anos. Já para o biólogo José Maria Cardoso, membro da ONG Conservação Internacional do Brasil, este bioma possui de 50 a 100 toneladas de biomassa por hectare que pode absorver de 20 a 50 toneladas de carbono. Estima-se ainda que em um hectare de plantio de umbuzeiro, baraúna, jurema e de outros arbóreos típicos da caatinga, pode absorver algo em torno de 10 toneladas de carbono. A caatinga, portanto, dispõe de potencial para o mercado de carbono e isto seria ainda maior, se metade de suas áreas não sofressem algum tipo de degradação como se constata atualmente.

Importância das ações de preservação

Único bioma genuinamente brasileiro, a caatinga, cujo nome significa mata branca em tupi-guarani, tem uma biodiversidade de espécies vegetais e animais que só existe nessa área de 740 mil quilômetros quadrados, onde vivem 15 milhões de pessoas. E é em sua biodiversidade vegetal que este bioma oferece algumas soluções para os problemas da desertificação e da emissão de gás carbônico na atmosfera.

Muitas organizações sociais que incentivam a prática da produção sustentável na caatinga estão desenvolvendo ações que visam a preservação do bioma. Em parceria com organismos do governo, essas organizações implantam projetos onde o manejo da terra evitam ações como queimadas e desmatamento. Atividades agropastoris e de extrativismo também são incentivadas na perspectiva da preservação ambiental.

O Irpaa tem levado a proposta de preservar o bioma caatinga a sete comunidades rurais do sertão baiano através do Projeto Recaatingamento, que tem o patrocínio da Petrobras e conta com a parceria de órgãos como Embrapa, Univasf e UNEB, além das organizações de Fundo de Pasto. O Projeto desenvolve um conjunto de ações voltadas para a preservação e proteção da caatinga e tem como maior destaque o plantio de espécies nativas nas áreas a serem recuperadas e as praticas para promover a sucessão natural da caatinga. Atividades educativas e agregação de valor aos produtos da agropecuária do extrativismo das famílias envolvidas também fortalecem a ação mobilizadora e formadora presente na execução do projeto.


Fonte IRPAA (texto) e foto