Pendurados em um simples varal, os folhetos de cordel tinham, no século XIX, a função de informar a população sobre os acontecimentos da época. Hoje, o cordel é importante para a preservação da cultura popular, além de poder ser encontrado nas redes sociais, nas telenovelas, no cinema, nas artes e na moda.
É o que afirmou Maria Alice Amorim, jornalista, mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) durante o I Congresso Regional sobre Cordel, realizado na Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas (FACAPE). Para a jornalista, no passado os cordéis exerciam a função dos jornais, e hoje embora existam mídias mais eficientes, como a internet, os poetas cordelistas ainda cumprem o papel de “expressar e ser o porta-voz de uma comunidade, de pessoas que não teriam voz em outros meios de comunicação”.
Na palestra “Cordel: da feira livre para a internet”, Maria Alice abordou temas como a importância da literatura de cordel na atualidade e a expansão dos poemas para outras regiões do país, como Sul e Sudeste, através das redes virtuais. Em entrevista à Agencia Multiciência, a jornalista falou sobre alguns de seus projetos, como a coleção de literatura de cordel e uma biblioteca especializada, disponíveis no site ciberteca.
Multiciência: No jornalismo cultural, enfatiza-se muito a literatura de cordel. Como é feito esse trabalho e quais os efeitos dos cordéis?
Maria Alice: É interessante ver o cordel sobre o ponto de vista da comunicação, pois o cordel é um meio de comunicação muito forte ainda hoje, embora há 50 anos não tivesse a agilidade por exemplo da internet. As pessoas liam o folheto como se tivesse lendo um jornal para se inteirar das noticias. Quando houve o atentado às torres gêmeas (em 11 de setembro nos Estados Unidos), tiveram vários cordéis sobre isso. Então, não se pode considerar que hoje o folheto cumpriria a função de preencher uma lacuna, na verdade o folheto de cordel é uma forma de o poeta se expressar e ser o porta-voz de uma comunidade, de um grupo de pessoas que não teriam voz em outros meios de comunicação. E essa agilidade que existe com a internet, na qual sabemos em tempo real das noticias, de alguma maneira é suprida hoje pelo cordel, porque hoje o cordel é feito e lançado na internet. As pessoas imprimem em meia hora e já começam a espalhar, a distribuir. Então, é muito legal ter essa relação do cordel com a comunicação.
É o que afirmou Maria Alice Amorim, jornalista, mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) durante o I Congresso Regional sobre Cordel, realizado na Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas (FACAPE). Para a jornalista, no passado os cordéis exerciam a função dos jornais, e hoje embora existam mídias mais eficientes, como a internet, os poetas cordelistas ainda cumprem o papel de “expressar e ser o porta-voz de uma comunidade, de pessoas que não teriam voz em outros meios de comunicação”.
Na palestra “Cordel: da feira livre para a internet”, Maria Alice abordou temas como a importância da literatura de cordel na atualidade e a expansão dos poemas para outras regiões do país, como Sul e Sudeste, através das redes virtuais. Em entrevista à Agencia Multiciência, a jornalista falou sobre alguns de seus projetos, como a coleção de literatura de cordel e uma biblioteca especializada, disponíveis no site ciberteca.
Multiciência: No jornalismo cultural, enfatiza-se muito a literatura de cordel. Como é feito esse trabalho e quais os efeitos dos cordéis?
Maria Alice: É interessante ver o cordel sobre o ponto de vista da comunicação, pois o cordel é um meio de comunicação muito forte ainda hoje, embora há 50 anos não tivesse a agilidade por exemplo da internet. As pessoas liam o folheto como se tivesse lendo um jornal para se inteirar das noticias. Quando houve o atentado às torres gêmeas (em 11 de setembro nos Estados Unidos), tiveram vários cordéis sobre isso. Então, não se pode considerar que hoje o folheto cumpriria a função de preencher uma lacuna, na verdade o folheto de cordel é uma forma de o poeta se expressar e ser o porta-voz de uma comunidade, de um grupo de pessoas que não teriam voz em outros meios de comunicação. E essa agilidade que existe com a internet, na qual sabemos em tempo real das noticias, de alguma maneira é suprida hoje pelo cordel, porque hoje o cordel é feito e lançado na internet. As pessoas imprimem em meia hora e já começam a espalhar, a distribuir. Então, é muito legal ter essa relação do cordel com a comunicação.
Multiciência: Em um de seus artigos publicados, você aborda a existência de um novo cordel. Ele existe hoje?
Maria Alice: Na verdade, não se pode definir isso como um novo cordel. Existem características que se mantém e adaptações, o que é natural dentro do processo da cultura que é dinâmico. Esse argumento de se colocar como um novo cordel, a mim, se assemelha a um preconceito. O cordel de hoje não pode ser considerado como o de antigamente, porque os de antes tinham os títulos enormes, os poetas escreviam errados, eram analfabetos. Então, têm sido esses os argumentos que as pessoas usam para falar em um novo cordel, mas são equivocados.
Maria Alice: Na verdade, não se pode definir isso como um novo cordel. Existem características que se mantém e adaptações, o que é natural dentro do processo da cultura que é dinâmico. Esse argumento de se colocar como um novo cordel, a mim, se assemelha a um preconceito. O cordel de hoje não pode ser considerado como o de antigamente, porque os de antes tinham os títulos enormes, os poetas escreviam errados, eram analfabetos. Então, têm sido esses os argumentos que as pessoas usam para falar em um novo cordel, mas são equivocados.
Multiciência: Entre o cordel antigo e o cordel de hoje, o que mudou?
Maria Alice: A estrutura poética não mudou, já os temas tradicionais e noticiosos de circunstâncias também não. O que mudou foram as formas de divulgação, porque inclusive, se não fosse a agilidade da internet, as pessoas não teriam fácil acesso ao cordel. Com o avanço das tecnologias, o cordel conseguiu admiradores, levando essa cultura para as regiões Sul e Sudeste do Brasil.
Multiciência: Você realiza projetos como a coleção de literatura de cordel e uma biblioteca especializada. Que incentivo esse acervo traz para as pessoas?
Maria Alice: O acervo de cordel foi digitalizado em 2009 e existe um catálogo disponível na internet (www.cibertecadecordel.com.br), onde as pessoas podem ver quais são os folhetos disponíveis na coleção, que continua crescendo, mas ainda não tive condições de atualizar os dados. E, para quem deseja fazer a pesquisa do conteúdo, como existe a questão do direito autoral então não é possível disponibilizar na internet. As pessoas podem consultar o acervo digitalizado, na Fundação Joaquim Nabuco, em Recife, fazendo uma pesquisa local. A biblioteca especializada também é importante porque na verdade existem muitos livros sobre cordel, sobre literatura popular e, na biblioteca esse acervo, as pessoas podem acompanhar os estudos do cordel e a produção poética dos cordelistas.
Por Ricardo Souza e Patrícia Lais (texto)
Patrícia Lais (foto)
Maria Alice: A estrutura poética não mudou, já os temas tradicionais e noticiosos de circunstâncias também não. O que mudou foram as formas de divulgação, porque inclusive, se não fosse a agilidade da internet, as pessoas não teriam fácil acesso ao cordel. Com o avanço das tecnologias, o cordel conseguiu admiradores, levando essa cultura para as regiões Sul e Sudeste do Brasil.
Multiciência: Você realiza projetos como a coleção de literatura de cordel e uma biblioteca especializada. Que incentivo esse acervo traz para as pessoas?
Maria Alice: O acervo de cordel foi digitalizado em 2009 e existe um catálogo disponível na internet (www.cibertecadecordel.com.br), onde as pessoas podem ver quais são os folhetos disponíveis na coleção, que continua crescendo, mas ainda não tive condições de atualizar os dados. E, para quem deseja fazer a pesquisa do conteúdo, como existe a questão do direito autoral então não é possível disponibilizar na internet. As pessoas podem consultar o acervo digitalizado, na Fundação Joaquim Nabuco, em Recife, fazendo uma pesquisa local. A biblioteca especializada também é importante porque na verdade existem muitos livros sobre cordel, sobre literatura popular e, na biblioteca esse acervo, as pessoas podem acompanhar os estudos do cordel e a produção poética dos cordelistas.
Por Ricardo Souza e Patrícia Lais (texto)
Patrícia Lais (foto)