Cultivo do maracujá do mato pode gerar renda para os produtores do semiárido

. 25 agosto 2011
Tendências de mercado como o consumo de produtos naturais e de sabor exótico tornam o maracujá-do-mato (Passiflora cincinnata Mast.) alternativa de cultivo para a agricultura familiar. Capaz de produzir bem no ambiente quente e seco, e nos mais diversos tipos de solo da região, esta frutífera nativa ganhou uma área de demonstração na Feira SemiáridoShow. 






 
Para o pesquisador Francisco Pinheiro de Araújo, da Embrapa Semiárido, é de espécies com estas características que os pequenos produtores das áreas rurais do Nordeste podem vir a constituir uma estratégia comercial importante: com base nos recursos vegetais da região, desenvolver uma fruticultura em condições de sequeiro. 

Atualmente, o aproveitamento da espécie é marcado pelo extrativismo e a subsistência. Mas, afirma Pinheiro Araújo, a fruta tem potencial para se valorizar no mercado, de forma particular se integrada às atividades de pequenas indústrias de beneficiamento e processamento dos frutos em doces, geleias, mousse e sucos. 

A experiência de processamento dessa fruta pela Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) gera renda para 350 famílias associadas e contribui para fortalecer a agricultura familiar da região. Parte do produto processado na forma de geleia é exportada para Alemanha e Itália, e também é consumida na merenda escolar dos municípios onde é produzido, na Bahia. A fruta nativa, recentemente, foi incluída no catálogo mundial (Arca do Gosto) dos produtos agroalimentares de qualidade que estão em risco de desaparecer, realizado pela Fundação Slow Food para a Biodiversidade. Para ser incluída na Arca, o alimento precisa ter qualidades gastronômicas, ligação com a área geográfica local, ser produzido artesanalmente e de forma sustentável. 

A Arca do Gosto descreve o maracujá-do-mato como “um fruto nativo da Caatinga onde ocorre de forma espontânea. O fruto é extremamente saboroso e perfumado, com um sabor persistente, mais doce, mais denso e mais ácido que o do maracujá comum (P. edulis). Tanto o gosto quanto o perfume recordam o mel”. É um produto diferenciado, de sabor bastante característico em relação ao maracujá amarelo, explica o pesquisador. 

No estande da Embrapa na Feira SemiáridoShow, são distribuídos materiais de divulgação (folders) que explicam aos agricultores rurais as potencialidades nutritivas e esclarecem sobre os processos de beneficiamento agroindustrial do fruto. “A intenção é apresentar ao agricultor o potencial agronômico e econômico que essa espécie nativa da caatinga possui”, garante o pesquisador Francisco Pinheiro de Araujo. 

O Nordeste apresenta uma grande variedade de plantas frutíferas, de sabores exóticos, de grande apelo entre as principais tendências atuais de consumo de produtos naturais. O maracujá-do-mato se enquadra nesta tendência, tornando-se uma importante alternativa de cultivo sustentável para o agricultor familiar. 

Participam da feira as seguintes unidades da Embrapa: Semiárido, Caprinos e Ovinos, Algodão, Mandioca e Fruticultura Tropical, Agrobiologia, Transferência de Tecnologia, Tabuleiros Costeiros, Informação Tecnológica, Meio Norte, Agroindústria Tropical, Informática Agropecuária, Milho e Sorgo, Solos – UEP Recife e Agroindústria de Alimentos. Mais informações: O SemiáridoShow 2011 acontece de 22 a 25 de Agosto no Escritório de Petrolina da Embrapa Transferência de Tecnologia, localizado na BR-122, Km 50 (BR-428, km 148). A feira estará aberta ao público das 8h às 17h30 e a entrada é gratuita. O evento é uma realização da Embrapa e do IRPAA. 

 Contato: Francisco Pinheiro de Araújo – pesquisador; pinheiro@cpatsa.embrapa.br Karine Nascimento – Agência Multiciência; karine_bnascimento@hotmail.com Fernanda Birolo – jornalista; fernanda.birolo@cpatsa.embrapa.br Marcelino Ribeiro – jornalista; marcelrn@cpatsa.embrapa.br Embrapa Semiárido – (87) 3862 1711