Livro provoca reflexão sobre o surgimento da aprendizagem

. 28 dezembro 2011
A palavra da língua inglesa Literacy originou o uso da terminologia letramento. Mas o que é isso? A palavra pode nos parecer familiar, já o seu significado poucas pessoas conhecem. Letramento é o efeito provocado pela escrita. Mudanças sociais, econômicas, culturais e de conhecimentos que acontecem a partir da leitura, como sintetizou o professor da Universidade do Estado da Bahia, Cosme Batista, Doutor em Línguística pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Letrar é ter hábitos de leitura e escrita, adquiridos não apenas através de livros mas pela leitura freqüente de jornais e revistas, o que dificilmente observamos nas escolas do nosso país. Os métodos utilizados nas escolas para estimular as práticas de leituras ainda são precários, podem resumir-se em poucos livros. O professor afirma também que o conceito “letramento” nos remete à história da escrita no mundo. Ao pensar no Brasil, Cosme ressaltou a lógica colonialista, que chegou de barco junto com os navegadores portugueses, impondo a perspectiva de conhecimento como algo procedente da escrita.

Foi para disseminar o conhecimento sobre as práticas de letramento que o professor Cosme Batista lançou o livro “Letramento e Senso Comum - A Popularização da Linguística na Formação do Professor”. A obra busca responder como os professores alfabetizadores em formação compreendem e representam conceitos de teorias linguísticas que fazem parte do currículo de formação inicial. Com uma linguagem científica, faz um estudo sobre o ensino e suas práticas. Surgem assim reflexões sobre o modo de atuação dos educadores. Mas, quando é que se inicia a construção do conhecimento? Na escrita

Para tentar responder aos questionamentos, durante o lançamento do livro neste mês de dezembro, o autor propôs um debate sobre senso comum com a participação de estudiosos das Ciências Humanas, como a antropóloga Odomaria Bandeira; o psicólogo e especialista em educação, Marcelo Ribeiro; o pedagogo e psicanalista Juracy Marques e o historiador Moisés Almeida. A discussão do tema provocou reflexões a respeito do uso do termo “senso comum”. Pois, o que se denomina hoje como senso comum é considerado práticas incomuns ou estranhas à sociedade. Como exemplo, Juracy Marques citou as expressões nordestinas “sole” e “pru mode”. A linguagem simples é vulgarizada e discriminada. Desta forma, o livro deixa também um questionamento sobre onde e como se iniciam as nossas aprendizagens e faz surgir uma reflexão sobre a legitimidade do conhecimento “simples, terno e descalço”, como caracterizou o psicanalista.


por Luna Layse (Texto)
Marcia Guena (Fotos)