Engenheiro agrônomo
realiza estudos para recomposição da mata ciliar do rio São Francisco por meio
de rizóbios e leguminosas
Experimentos com Feijão Caupi |
Devido
a essa problemática, o engenheiro agrônomo Rubens Carvalho, de 28 anos, mestre em
Agronomia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), desenvolve uma pesquisa
baseada na recomposição da mata ciliar por meio de tecnologias sustentáveis. Carvalho
é natural do distrito de Caatinga do Moura, localizado no município de Jacobina
(BA) e concluiu seu mestrado em agosto de 2011.
A
pesquisa, desenvolvida como dissertação de mestrado, consiste no melhoramento e
crescimento da mata através da associação entre rizóbios e leguminosas. O
rizóbio é um gênero de bactéria fixadora de nitrogênio que, em convivência com
leguminosas, converte esse nitrogênio em amônia, que, por sua vez, anexada às
plantas possibilita o bom desenvolvimento da vegetação. Esse processo,
denominado Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), é uma alternativa sustentável
para recuperar o solo degradado.
Coleta de sementes na mata ciliar da UNEB |
Segundo Carvalho, a escolha dessa
linha de pesquisa foi feita em 2010 a partir de alguns projetos de instituições
regionais que desenvolvem estudos de recomposição da mata ciliar. O maior
objetivo é poder contribuir com o meio ambiente através da recuperação da mata
ciliar e investir em uma tecnologia para a produção de mudas.
Os
experimentos iniciais foram realizados no Departamento de Tecnologia e Ciências
Sociais (DTCS) da UNEB em parceria com a Embrapa Semiárido. As áreas escolhidas
foram regiões ribeirinhas dos municípios dos Estados da Bahia e de Pernambuco,
onde foram coletadas amostras do solo. “Depois de feita as coletas dos solos,
realizamos um experimento em casa de vegetação para captura dos isolados de
bactérias. Em seguida, no Laboratório de Microbiologia do Solo, isolamos,
caracterizamos e realizamos outros testes com as bactérias”, explicou.
Antes
dos procedimentos serem colocados em prática no meio ambiente, são necessários
diversos estudos técnicos sobre a fauna, a flora e o solo ribeirinhos e,
principalmente, a realização de um processo avaliativo acerca dos motivos da
degradação. “O tempo necessário é aquele no qual se pode observar que há uma
reconstrução do que era nativo nas margens dos rios para que voltem a ter água
de qualidade e uma diversidade biológica vegetal e animal”, disse Carvalho.
Para
o pesquisador, uma das dificuldades em desenvolver a pesquisa é a falta de
informação por parte dos moradores ribeirinhos e o medo de não poder produzir
nas áreas mais férteis. Além disso, os custos do projeto e o incentivo e apoio do
governo também interferem na aplicação da pesquisa.
Os
testes realizados com bactérias em casa de vegetação foram concluídos recentemente.
Nesta etapa da pesquisa, comprovou-se que variações de bactérias nativas das
margens do rio podem substituir uma espécie de adubo sintético, que tem custo
elevado e apresenta uma ameaça ao solo e às fontes de água. A próxima fase do
trabalho é levar os testes a campo para confirmar esse resultado.
“A população deve apoiar e zelar pelo
desenvolvimento das ações realizadas por um conjunto de pessoas ligadas aos
órgãos de Pesquisa, Ensino e Extensão, e também contribuir atuando como um agente
ativo dentro do contexto de preservação e recuperação da mata ciliar. Os
ribeirinhos são os principais personagens da manutenção da vida do rio e para
isso devem conservar a mata ciliar que protege o seu leito”, afirmou Carvalho a
respeito do que a população deve fazer para contribuir com o desenvolvimento da
pesquisa e para manter o rio isento de danos futuros.
Por Patrícia Lais