Comunicação

. 22 outubro 2012


Comunicação no Semiárido foi tema de Seminário na UNEB

Texto: Patrícia Lais
Foto: Gisele Ramos
O dia 18 de outubro é conhecido como o Dia Internacional da Luta pela Democratização da Comunicação e é a data que marcou o início do seminário “Comunicação Pra Quê? Por uma nova pauta no sertão”, realizado no Auditório Antônio Carlos Magalhães, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). O evento, que aconteceu durante os últimos dias 18 e 19, foi uma iniciativa do Colegiado de Comunicação Social Jornalismo em Multimeios da UNEB em parceria com o Fórum de Comunicação do Sertão do São Francisco.

Na abertura, participaram como palestrantes convidados a professora da Universidade Metodista de São Paulo Cicília Peruzzo; a jornalista Cecília Bizerra, integrante do Coletivo Intervozes e ex-assessora da Câmara dos Deputados para o tema das políticas nacionais de comunicação; o radialista Edisvânio Nascimento, representante do processo de comunicação para o desenvolvimento da Região Sisaleira da Bahia; e a jornalista Érica Daiane, representando o Fórum de Comunicação do Sertão do São Francisco.

A discussão girou em torno do atual cenário da comunicação na Região e a importância dessa área para a transformação e o desenvolvimento social. Cicília Peruzzo destacou especialmente a relevância dos movimentos sociais ligados à comunicação para a desconstrução de preconceitos ligados ao semiárido nordestino. “É importante ter profissionais que busquem o sertão não só na época da seca, mas também em outras épocas. Que busquem o sertão pra ver o desenvolvimento e não só para reproduzir um estereótipo”, afirmou.

Comunicação comunitária, movimentos sociais e democratização da internet foram os temas mais discutidos entre os palestrantes, estudantes, professores e demais pessoas que estavam presentes no auditório. “Rádio Comunitária é feita por gente que é gente como a gente e que sente cheiro de gente”, comentou Edisvânio Nascimento, radialista premiado pela Agência Nacional dos Direitos da Infância (ANDI). “Quando se fala de rádio comunitária ser gente como a gente, é porque ela parte do princípio que somos nós, a sociedade, a comunidade, que a criamos. E se a sociedade cria a rádio, nada mais justo do que ela ser gerenciada pela própria comunidade”, explicou.

O evento contou ainda com uma homenagem especial ao bispo da Diocese juazeirense Dom José Rodrigues. Apelidado de “O bispo dos excluídos”, Dom José, falecido no mês passado, foi personagem importante na luta a favor dos direitos à terra e de uma vida livre de opressão, além de ter sido membro da Associação Baiana de Imprensa por seis anos e um dos principais componentes da história da comunicação no Vale do São Francisco.

Já no segundo dia do seminário, o tema da mesa de debates foi “A comunicação no Sertão do São Francisco. O que temos e o que queremos?”, pautado a partir dos rumos da comunicação regional. Mediados por Cláudio Almeida, professor do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), os convidados, entre eles assessores, editor e radialista, problematizaram questões como o relacionamento da imprensa local com seu público.

O professor Almeida comentou a relevância dos movimentos sociais como base fundamental para uma comunicação cada vez mais próxima da população e que contribua diretamente para o desenvolvimento da região semiárida. “É fundamental que os movimentos sociais sejam atrelados à comunicação, pois quando utilizamos os meios de comunicação como uma forma de complexificar a esfera pública toda a sociedade tem a ganhar. Quanto mais os meios de comunicação sejam utilizados por indivíduos de grupos organizados, melhor para todos”, ressaltou.

A coordenadora do evento, Gislene Moreira, considera que esse tipo de evento é importante para os estudantes de graduação e para os profissionais da imprensa regional. “Eu faço comunicação pra ser feliz, pra ver as pessoas felizes. Pra falar de problemas, mas pra poder resolver esses problemas também”, disse.