Produção orgânica

. 19 novembro 2012

Novas técnicas de produção aumentam a qualidade do 
tomate orgânico
Roseli Santos 


Intensificar a qualidade do tomate orgânico produzido na região do Vale do São Francisco. É com essa função que professores e estudantes do curso de Engenharia Agronômica da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Juazeiro, estudam o desenvolvimento de produtos de base orgânica no semiárido nordestino no grupo de pesquisa denominado “Agroecologia e desenvolvimento sustentável”. Os estudos com o tomate são o primeiro projeto desse grupo de pesquisa.

O grupo avalia um tipo de cultivar de tomate, que é o IPA 6 e Hibrido Tytanium, conhecido como tomate rasteiro. Mas outras cultivares ainda serão testadas. Com essa iniciativa, os pesquisadores querem fortalecer a produção, melhorar a qualidade e aumentar competitividade dos produtos orgânicos.  

O trabalho começou há cerca de um ano e conta com um professor e pesquisador, Paulo Augusto Pinto, e dois bolsistas, além dos colaboradores. Atualmente, os pesquisadores desenvolvem dois processos de cultivo para a cultura do tomate: o cultivo protegido sob tela de cromatinetes e o uso de biofertilizantes de extratos de algas marinhas.

O primeiro produz um sombreamento, que reduz a incidência de raios ultravioleta sobre os tomates, impedindo reflexos solares prejudiciais ao cultivo. A técnica também ajuda a planta a fazer a fotossíntese, ou seja, a ingerir seu alimento aumentando assim a qualidade do produto. Com a utilização das telas, os pesquisadores podem observar até que grau o sol é benéfico à qualidade da produção.

Defensor da causa orgânica, o bolsista Nielton Nunes diz que estudos realizados por outros pesquisadores comprovam que o excesso de raios solares compromete a formação saudável do tomate. Pelo fato desse fruto vir dos Andes, lugar de clima tropical, quando plantado no semiárido pode haver um prejuízo ao seu desenvolvimento.

Fato que é confirmado pelo professor do curso de Engenharia Agronômica Paulo Pinto. Segundo ele, o excesso de luz solar interfere na formação da planta e pode danificar a composição do tomate.  “A incidência de raios ultravioleta em excesso prejudica a estrutura fotossintética das plantas”, explica o pesquisador.

A experiência está em fase de avaliação, mas já houve resultados positivos. Alguns frutos produzidos com essas novidades estão sendo expostos em feiras livres, onde têm uma aceitação satisfatória. A proposta vital do estudo é trazer qualidade e segurança alimentar ao consumidor. Isso é possível por meio de novas técnicas de produção segura; tanto para quem produz, quanto para quem consome. “Em um ano já teremos mais novidades para o produtor”, explica Pinto.

Natural e saudável - Outra novidade que promete melhorar a qualidade do produto é o uso de biofertilizantes com extratos de algas marinhas. Paulo Pinto esclarece que a troca do agrotóxico por produto de base natural gera resistência da planta contra problemas de clima e solo desequilibrado.

“Com a aplicação de extrato de algas, é possível um sistema de raízes bem desenvolvidas onde há um aumento da clorofila e uma resistência maior ao estresse, que é causado por fatores como seca, limitação de nutrientes, sal e o retardamento do envelhecimento das células”, frisa o pesquisador. Ele destaca ainda que o fertilizante natural reduz danos à saúde humana e impactos ambientais, causados pelo uso excessivo dos fertilizantes químicos, herbicidas e pesticidas nas plantações.

Essa inovação na produção orgânica valoriza o compromisso com a sustentabilidade que o Brasil tem buscado se enquadrar, para que seja um país que produza e traga desenvolvimento e preserve qualidade de vida de seus cidadãos. Para o pesquisador, isso é possível melhorando o solo e transformando todo o sistema de plantio convencional em orgânico. 

O produto final da pesquisa ainda vai demorar um pouco, pois segundo o professor Paulo Pinto, esses tipo de pesquisa leva anos para ser concluída. Mas ele diz quer os estudos estão avançando e no próximo ano, já terão mais novidades. “As técnicas devem ainda passar por alguns ciclos de testes, mas já podem ser aplicadas de forma preliminar nas áreas de produção”, afirma Nielton Nunes.