Questões raciais foram debatidas na UNEB durante o Novembro Negro

. 05 dezembro 2012



Sheila Feitosa


Racismo, política de ações afirmativas, presença do negro em altas patentes e nos espaços publicitários foram temas discutidos no Novembro Negro, atividade realizada pelo Campus III da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Juazeiro, em parceria com o Fórum de Comunicação do Sertão do São Francisco, representações estudantis e o Movimento Negro. O evento, que aconteceu entre os dias 28 e 30 de novembro em comemoração ao Dia da Consciência Negra, reuniu estudantes, professores e pesquisadores de diversas instituições de ensino da região. 


Na abertura, participaram como palestrantes convidados a representante da Associação das Mulheres Rendeiras, Márcia Alves; a Secretária Municipal do Movimento Negro de Juazeiro, Damiana de Souza; a coordenadora do Colegiado de Comunicação Social Jornalismo em Multimeios da UNEB, Márcia Guena; e o professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) Nilton Almeida. A discussão girou em torno das experiências de racismo vividas pelos palestrantes e da questão dos negros se reconhecerem como tal, fazendo valer as leis antirracistas na luta pelos seus direitos. O evento contou ainda com apresentações culturais de grupos Afro da região.


Já no segundo dia, os temas tratados nas mesas de discussão foram quilombos e direito à terra e Vivência no Continente Africano. Também foram realizadas oficinas de fotografia, boneca e trança. Segundo o estudante africano de Comunicação Social da Universidade Católica de Salvador Mário Lunga Martim, a realização de eventos como esse “vem justamente abrir fronteiras para os negros saberem da sua importância. O Brasil é um produto do sistema que cria barreiras invisíveis à comunidade negra brasileira e que de certa forma insiste em fechar o espaço de debate”. 


No último dia do evento, representantes do Fórum de Comunicação do Sertão do São Francisco e do Grupo de Agroecologia Umbuzeiro promoveram minicursos cujas temáticas foram ‘O negro na mídia’ e ‘O povo negro e o sertão nas comunidades tradicionais’.


A palestra ‘Cotas e Extermínio da Juventude Negra’ encerrou as atividades do Novembro Negro na UNEB. Na mesa, participaram como palestrantes o professor do colegiado de Ciências Sociais da Univasf Claudio Almeida; a professora do curso de Jornalismo em Multimeios da UNEB Ceres Santos; o professor de História da Universidade Estadual de Pernambuco (UPE) Harley Abrantes; e o coordenador do Pós Afro e Centro de Estudos Afro Orientais (CEAO/UFBA), Jocélio Teles.


Foram abordados o bom desempenho que os estudantes cotistas obtêm dentro da universidade e a resistência de algumas instituições federias quanto à adoção de políticas afirmativas para negros. Segundo a professora Ceres, o sistema de cotas representa um importante mecanismo para inclusão de negros na Universidade.


“Com a politica de cotas, está havendo o aumento de estudantes provenientes do Ensino Médio de escolas públicas e com isso instala uma mudança na coloração dos estudantes dentro do ensino superior”, afirmou. Ceres reforçou que esses temas precisam ser discutidos, porque ainda faltam muitas ações por parte das universidades que adotam esse mecanismo. 

Para a estudante de História da UPE Michele Lubarino, esse tipo de discussão é muito importante devido à grande resistência que os estudantes negros têm enfrentado para ingressar na carreira acadêmica. “As universidades devem proporcionar esse tipo de debate sempre e não só no mês de novembro”, disse.