Distribuição irregular de chuva faz calor aumentar no Vale do São Francisco

. 22 abril 2013


[T] Larissa Paim e Sheila Feitosa
 [F] Lara Micol    


O Vale do São Francisco se caracteriza por ser uma área fértil, rica em recursos hídricos que facilita a produção de alimentos por meio da agricultura irrigada. Possui clima quente, seco com pouca incidência de chuva e baixa umidade. Mas você já se perguntou por que chove pouco nessa área? Ou por que a temperatura é tão alta?
 

Ao contrário do que muitos pensam o baixo índice de chuva na região é considerado um fenômeno natural. É o que explica o coordenador do Laboratório de Meteorologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco - Univasf, professor Mário Miranda. Para ele, a média de precipitação pluviométrica na região é razoável e o que acontece na realidade é uma distribuição irregular da chuva no tempo e no espaço.
 

Imagine uma casa que ficou fechada por muitos dias. Ela irá acumular uma quantidade considerável de poeira. Se alguém usar uma enceradeira, tudo o que tiver em baixo dela, será jogado para os lados. É o que acontece nessa área. A enceradeira seria os centros de alta pressão ou anti-ciclones que impedem a formação de nuvens pesadas varrendo-as para outras localidades. Por isso, algumas áreas concentram maior volume de chuvas e outras menos, como é o caso da região do submédio São Francisco.
 
O professor explica ainda que a cada ciclo de 20 ou 22 anos há uma repetição de três anos seguidos de pouca chuva. E justamente este período que estamos vivendo desde a ano de 2011. No entanto, a origem dessas mudanças de temperatura em nossa região acontece bem longe de nós, lá no Oceano Atlântico. Quando suas águas permanecem  frias, não evapora a quantidade de líquido suficiente para produzir nuvens de chuva mesmo em áreas litorâneas.  O mesmo ocorre quando a temperatura no Atlântico Sul está baixa e no Norte quente.
 
Porém, os problemas ocasionados na região, por conta dessa estiagem, nem sempre é culpa da natureza, como explica o pesquisador Mário Miranda: “o ano de 2013 se configura uma situação muito mais forte porque não tem água armazenada nos açudes, barreiros ou córregos. Com a falta de chuva, muitos animais morrem e o agricultor que vive da zona de cerqueiro sofre com essas dificuldades”, afirma.
 
Além da distribuição irregular da chuva, o Vale do São Francisco também enfrenta outro problema: o aumento de temperatura. Miranda esclarece que a falta de chuva influi consideravelmente, pois não há água para evaporar e ir para a atmosfera. A energia solar ao invés de ser usada para retirar essa água e a pôr na atmosfera, aquece o solo, o asfalto e as casas, fazendo com que o calor seja armazenado e eleve a temperatura. E como a umidade do ar é baixa, é realizado o seguinte processo: superfície aquecida esquenta o ar, fazendo o calor aumentar ainda mais. O pesquisador da Univasf afirma que nesse caso, uma rua asfaltada nessa condição de temperatura pode chegar a 72 graus Celsius.
 
Por isso, é recomendável que as pessoas ingiram bastante líquido, sucos naturais, água de côco, usar roupas leves, evitar exercícios físicos e exposição ao sol entre as 10 e 16 horas. E devido à baixa umidade, usar umidificadores de ar, toalhas umedecidas ou recipientes com água.