Mosca-da-fruta prejudica culturas agrícolas

. 20 maio 2013

Clima que se mantém quente o ano inteiro, disponibilidade de água, mão de obra abundante e proximidade dos mercados. Essas características contribuem para o avanço da fruticultura irrigada no Vale do São Francisco, atividade que movimenta a economia da região. No entanto, este ambiente também favorece o desenvolvimento de pragas nas lavouras como a mosca – da – fruta, inseto que tem causado prejuízos na agricultura, devido ao ataque em algumas culturas no período de safra.


A mosca- da- fruta é uma espécie que ataca os órgãos de reprodução das plantas, atrapalhando o desenvolvimento dos frutos. Pertencem aos gêneros Anastrepha, Ceratitis, Bactrocera, Dacus e Rhagoletis. Segundo a pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Beatriz Aguiar Jordão Paranhos, 99% de todas as espécies encontradas no Vale do São Francisco são do gênero Capitata Ceratitis popularmente conhecidas como ‘moscas do mediterrâneo ou moscamed’. Elas foram introduzidas no Brasil no século XX, e são consideradas as mais prejudiciais.

A reprodução da mosca do mediterrâneo dura mais ou menos de 13 a 19 dias. A fêmea faz um buraco no fruto maduro ou em fase de amadurecimento, deixando os seus ovos na polpa. Ao originar as larvas elas se desenvolvem causando uma deterioração no fruto, fazendo com que ele caia no solo. Com a fruta já no chão, as larvas passam para o solo e se enterram, ficando ali por 10 a 15 dias. Depois disso, ela sai na fase adulta, recomeçando o ciclo.


* A uva oferece boas condições para o desenvolvimento 
da mosca do mediterrâneo.
Essa espécie de mosca tem como hospedeiros a goiaba, a carambola além da manga e uva, frutas de grande valor comercial no Vale. A pesquisadora explica que a uva apresenta condições ideais para o desenvolvimento da mosca. “Enquanto que em outros frutos enxergamos buracos, na uva ela faz um caminho igual o da mosca Minadora. Mas na verdade é um sintoma da mosca da fruta. O problema é que no aqui na região, temos hospedeiros o ano todo devido ao clima”, comenta. Isso acaba limitando a exportação dessa cultura em países como Japão e Estados Unidos.

A pesquisadora Paranhos recomenda aos produtores que façam monitoramento integrado da mosca da fruta em todas as fruteiras. Essa ação é importante porque vai fornecer informações que ajudarão no controle do inseto com a utilização de armadilhas econômicas e sustentáveis.

O controle da praga pode ser feito de três formas: cultural (considerado o principal método e consiste na colheita de frutos que não foram comercializados); químico (utilizando a técnica de pulverização do pomar com produtos registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA) e biológico (Técnica do inseto estéreo, considerada a mais rápida e eficiente).


O monitoramento integrado ajuda a controlar o inseto com a utilização de armadilhas econômicas e sustentáveis.
O trabalho de monitoramento realizado com insetos estéreos no Vale do São Francisco  é feito pelo Moscamed Brasil. Lá são criadas em laboratório machos estéreos, que irão cruzar com fêmeas selvagens. O objetivo desse trabalho é reduzir o número de moscas do mediterrâneo. “Nós temos que pensar no manejo integrado da mosca da fruta. Não podemos pensar em um desses métodos de controle isoladamente que não vai funcionar. Se cada um fizer a sua parte, a gente consegue resolver o problema da mosca da fruta aqui no Vale”, finaliza.

Beatriz Paranhos falou sobre o tema durante a 24ª Feira Nacional da Agricultura Irrigada (FENAGRI), que aconteceu no Auditório Multieventos, da Universidade do Vale do São Francisco (UNIVASF), Campus de Juazeiro. Esse assunto fez parte da mesa redonda “Moscas- das frutas: principais cuidados para o manejo adequado”. A doutora em etimologia tem seu trabalho voltado para o controle biológico de pragas com parasitóides e predadores, técnica do inseto estéril e moscas-das-frutas.

Texto: Sheila Feitosa e Tauane Santana


Fotos: Lara Micol

* Imagem Embrapa Semiárido