O Gazzeta, Eudes Celestino e o Progresso da Região

. 28 junho 2014

Há exatos 18 anos, Petrolina vivia a festança de seu centenário.  A cidade mais importante de todo Sertão de Pernambuco e vitrine do vale do São Francisco com suas belezas raras e patrimônios como o rio São Francisco, a Ponte Presidente Dutra que nos liga à Bahia e a Catedral, vivia uma ‘era’ de expansão com a chegada do River Shopping, a instalação do Centro de Convenções, entre outros empreendimentos importantes para o progresso da chamada “terra dos impossíveis”. Nesse cenário, nascia um dos veículos mais importantes da história da imprensa regional batizado de Gazzeta do São Francisco.

Charge Gazzeta do São Francisco / Alexandre 

Um jornal que já soma 18 anos de trajetória, vencendo os desafios que as questões da economia lhe impuseram para se manter firme num mercado. E o Gazzeta tem conseguido se alinhar em seu horizonte e proposta editorial. Antes de continuar observando sobre o papel desse importante jornal, quero fazer minha homenagem ao seu diretor e fundador Eudes Celestino (In memorian), que recentemente fez a sua passagem neste universo. Posso dizer que me sinto honrado de ter feito parte de seu empreendimento. Na primeira fase, contribui como repórter colaborador. Depois, assinei a coluna Rodaviva com notas de políticas e diversidades, além de rabiscar crítica musical e literária sobre lançamentos de Cds e livros.

Foi uma experiência maravilhosa e um aprendizado que ainda enriquece meu currículo. Lá na largada do Gazzeta atuávamos na galeria Eco Center. Éramos vizinhos de sala, quando eu militava já profissional trabalhava na sucursal do Jornal do Commercio. Trocávamos ideias, pautas, xícaras de café, água, papel etc. E algumas piadas pra distrair. Nada era digital. O estresse era o envio de um fax que não seguia. Às vezes as fotos do saudoso Joás Vitorino (o Maninho), nosso fotógrafo, que também demorava pra seguir. Mas no final tudo dava certo. No outro dia a recompensa era a matéria/reportagem estampada nas páginas dos dois jornais. O JC diariamente e o Gazzeta nos fins de semana.

Eudes Celestino estreava como empreendedor comprometido, apaixonado pelo trabalho, sem sequer reclamar por gozar ou não do descanso. Fosse feriado, fim de semana. Falava baixo, calmo, fazendo o caminho contrário das algazarras que são as redações. Quando a internet ganhou corpo com muitas limitações só ele nos socorria. Dizia que ele era nosso doutor tecnológico. O tempo passou, mudamos de rota. Mas sempre nos encontramos em ambientes de coletivas e eventos diversos.

Já como professor do curso de jornalismo em Multimeios da Uneb,  Eudes e seu Gazzeta entram em cena mais uma vez no meu trajeto como um grande parceiro.  Sob a coordenação da professora Andrea Santos em 2005, publicávamos o primeiro jornal laboratório, o Cobaias, mediante parceria feita pelo Colegiado do curso. A primeira impressão do Cobaias entra para história por ter sido feita na gráfica do Gazzeta, ao mesmo tempo que se tornou um estímulo  à formação dos novos jornalistas do Vale do São Francisco.

Mais adiante Eudes ofereceu espaço editorial para publicação de material jornalístico da Agência MultiCiência no Gazzeta, com produção de entrevistas, notícias, reportagens e artigos assinados por estudantes. Assim,  demonstrou  a crença que ele tinha na produção de um jornalismo de qualidade. Não posso esquecer nessa caminhada que este empreendedor abraçou com seus profissionais um projeto de incentivo à leitura de jornal em escolas da cidade.

É preciso reconhecer na coletividade o papel ético e comprometido do Gazzeta em informar, educar e defender a sociedade. No mais, todo esse papel tem uma assinatura de  Eudes Cletsno  e sua esposa Rose Pesqueira. Companheiro, que Deus o tenha como um editor de grandes ideias onde estiver.
 
Por Emanuel Andrade é jornalista e professor da Universidade do Estado a Bahia Uneb.