Alunos revisitam trajetória da Ditadura às mobilizações populares

. 02 julho 2014

No campo da memória, o ano de 2014 será importante para história do Brasil no futuro. Desde que o leitor, rebobine o filme e lembre que há exatos 50 anos, em 1964, o país apagava sua luz da liberdade e trilhava numa terrível ditadura militar que durou mais de 20 anos e até hoje gera polêmica, continuando um período decisivo.  Para a história oficial, a ditadura acabou há 35 anos, mas seus impactos continuam presentes na memória de quem viveu de perto, sejam vitimas que escaparam, sejam parentes de desaparecidos ou mortos tirados de cena pela fumaça do autoritarismo.
No país, vários eventos foram realizados no primeiro semestre para lembrar esse capítulo terrível da história com debates em universidades, escolas e outras instituições públicas. O assunto foi trabalhado esta semana pelos alunos do curso de Jornalismo em Multimeios da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus III, em Juazeiro, que revisitaram o tema através da disciplina Seminário Interdisciplinar.
Seis grupos desenvolveram o tema central no formato ‘guarda-chuva’, puxando vários sub-temas na forma retrospectiva de 1964 a 2013. As apresentações feitas pela turma do 2º período foram avaliadas pelos professores João José de Santana e Emanuel Andrade. O primeiro grupo debateu o golpe militar e suas circunstâncias, passando pelo perfil do ex-presidente deposto João Goulart e seu governo conturbado, a repercussão nacional e internacional e os impactos perante o povo e os reflexos na sociedade.
Outra equipe traçou o perfil de Juscelino Kubitschek, na fase continuada da ditadura, as controvérsias em torno do golpe, além dos impactos na economia, política e educação, bem como os reflexos na atualidade. Na sequência, os alunos revisitaram os impactos o AI-5, seus reflexos no Brasil, EUA e Europa, a censura aos artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Glauber Rocha, além de jornalistas, escritores considerados subversivos pelo sistema ditatorial. Também foram pontuados os desaparecidos políticos e os torturados.
Diante desse panorama, outro grupo homenageou as vítimas vestindo roupas nas cores preto e branco, configurando a dor dos familiares pelas mortes e, ao mesmo tempo, a liberdade e a paz exigida pela sociedade. Para a aluna da turma, Meire Souza, o conhecimento e o debate sobre a política no Brasil e em especial os tempos marcantes da Ditadura são importantes para a construção do perfil jornalístico que buscamos.
"Por meio de experiências desse tipo em sala de aula, com  debate, fortalecemos uma consciência crítica que vai se forjando, nos fazendo capazes de pensar e repensar os acontecimentos que permeiam o cenário, tanto o mais próximo quanto o mais distante, do país que vivemos", argumentou a futura jornalista.
Outro grupo fez a sequencia do perfil de cada presidente militar, lembrou os diálogos iniciais para reabertura, a volta dos presos políticos e a panorama geral do país, apontando nesse período o papel da imprensa, especialmente a contribuição do Pasquim. O episódio da bomba no Rio Centro, os debates em torno das Diretas Já!, o Congresso e as transições, a era Tancredo Neves, José Sarney e Itamar Franco também foram rememorados, assim como a Constituinte de 1988.
O desfecho dos trabalhos trouxe como temas as eleições diretas, a trajetória dos ex-presidentes Fernando Collor e o impeachment, Fernando Henrique Cardoso, a chegada de Lula ao poder seguido por Dilma Roussef. Fechando a linha do horizonte do regime militar, a atual Comissão da Verdade bem como as mobilizações populares que explodiram a partir do ano passado ganharam força no debate curricular da turma.

Cobertura fotográfica: Meire Souza