Mobilidade: a dura espera de quem depende de ônibus

. 15 outubro 2014
Em Petrolina, os serviços são precários além da falta de infraestrutura
que complicam a rotina dos passageiros
Por Gabriela Marinho


Não é novidade que a mobilidade urbana e o transporte público em todo Brasil, principalmente nas metrópoles e cidades do interior com mais de R$ 3,5 mil habitantes enfrentam uma série de problemas e desafios que acabam comprometendo a rotina de motoristas e usuários do serviço. Por outro lado, acaba trazendo impactos negativos na economia e em outros setores. Em Petrolina, no Sertão do São Francisco, não é diferente, a começar pelo transporte público sucateado e com uma frota ineficiente para atender a população.

Como a cidade não dispõe de outros meios de transporte público - como metrôs ou trens - o coletivo termina sendo a única opção para os passageiros que não possuem veículo próprio. De outro lado está a concorrência dos moto-taxistas que cobram corridas mais altas, no mínimo R$ 6, mas há quem não goste desse serviço. Contudo, todos enfrentam os mesmos problemas diários: longa espera nas paradas sem abrigo e nem segurança, veículos lotados, motoristas e cobradores muitas vezes estressados que acabam entrando em atrito com certos usuários.

Para a vendedora Mariana Barros, que depende de ônibus todos os dias, a situação está cada vez pior na cidade que devia servir de exemplo com um serviço adequado às necessidades dos moradores e visitantes. “Passo mais de uma hora esperando o ônibus passar. Muitas vezes quando aprece chega superlotado que nem para no ponto onde devia. Isso é um desrespeito e complica bastante a vida de quem acaba se atrasando pra chegar ao trabalho”, lamenta Mariana.

Com mais de 300 mil habitantes e uma cidade que vende a proposta de crescimento socioeconômico e oportunidades, na última década, Petrolina enfrenta problemas nesse setor, tanto que foi um dos pontos de pauta das manifestações de junho de 2013, na região. O poder público chegou a fazer várias audiências para debater o problema até na Câmara de Vereadores. Foi aberta concorrência para atrair empresas interessadas em oferecer o serviço de qualidade. Mas ainda assim os problemas se repetem e irritam diariamente a população.

O que todos clamam é por um sistema de transporte coletivo acessível, confortável e eficiente, já que Petrolina há anos teve o trânsito municipalizado. A recepcionista Viviane Paiva faz parte desse público prejudicado com o serviço. De segunda a sábado, ela depende do ônibus para se deslocar do bairro João de Deis, onde mora, para o trabalho na área central da cidade. “A quantidade de veículos é insuficiente para o número de moradores, já que é um bairro muito grande. O pior é que cada empresa que entra a situação não melhorar, só fica pior”, critica a jovem.

Em Petrolina, apenas duas empresas operam na cidade – a Viva Petrolina e a Joalina, que também atua na vizinha Juazeiro (BA). De acordo com o diretor-presidente da Empresa Petrolinense de Trânsito e Transporte Coletivo (EPTTC), Paulo Valgueiro, há a proposta de através do Plano Municipal de Mobilidade de diagnosticar a situação do transporte urbano no município o que vai permitir soluções de engenharia e licitação para a entrada de nova empresa, mas não há data prevista.