Produtores do Vale do São Francisco se mobilizam para evitar colapso nas áreas de irrigação

. 13 março 2015
Por Cinara Marques (Especial para o Multiciência)

Produtores da fruticultura dos perímetros irrigados de Petrolina (PE) e Juazeiro(BA), estão preocupados com a baixa da vazão do lago da barragem de Sobradinho(BA) onde está a tomada de água do canal principal do perímetro Senador Nilo Coelho, um dos principais perímetros irrigados da região banhada pelo rio São Francisco. Eles temem um colapso na produção irrigada da região, devido à estiagem que vem se prolongando no Nordeste e que tem atingido a região sudeste também, onde estão os principais afluentes do rio São Francisco, especialmente no estado de Minas Gerais.

Em menos de um mês, já foram realizadas duas reuniões na superintendência regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para se fazer um alerta e buscar saídas, caso haja perda de safras, de culturas perenes e, consequentemente, de investimentos e empregos. Os fruticultores cobram da Codevasf,  obras de adequação do canal principal do perímetro Nilo Coelho, a fim de garantir o suprimento de água necessário à irrigação das áreas plantadas, o que evitaria prejuízos futuros.

O superintendente do órgão em Pernambuco, João Bosco Lacerda, frisou que a empresa está atenta a todo o processo e que até então, a situação está controlada. Ele acrescentou que todos os estudos de adequações do canal do Nilo Coelho, a uma possível situação crítica que possa ocorrer com a redução do suprimento de água, estão sendo feitos por um grupo técnico da Companhia que acompanha de perto a situação.

“A preocupação dos produtores é salutar, mas os técnicos da Codevasf garantiram que o volume do rio atende a produção e que não há riscos de uma crise no setor neste momento”, esclareceu João Bosco apontando que estão sendo realizados estudos para a elaboração de um projeto e do calculo dos investimentos para as adequações, em caso de situações críticas indicadas pelos produtores.

Um grupo técnico já está avaliando a possibilidade de quando adotar providências para minimizar a restrição de água que acontecerá quando o reservatório vir atingir o volume morto, situação essa que ocorrerá quando se atingir a cota de 380,5 metros do reservatório. As intervenções vêm sendo estudadas e planejadas para garantir que o perímetro possa continuar sendo abastecido mesmo em momentos de vazão reduzida do rio.

“Chegando ao volume morto teria que se instalar bombas flutuantes no canal de aproximação do Nilo Coelho, mas ainda está sendo feito os estudos para saber quanto será o orçamento dessa obra e o tempo necessário para elaboração do projeto para se levantar os custos dessa solução”, completou José Costa.

Para o coordenador da Câmara da Fruticultura de Petrolina, Henrique Holtrup, sem o estudo elaborado pela empresa, a região ficaria sem uma ferramenta para buscar uma saída para o problema.  “O que precisamos é de assegurar uma captação de água quando o nível da represa estiver muito baixo, mesmo sem gerar energia. As bombas flutuantes parecem ser a solução ideal, a melhor para esse problema. Elas podem levar água para os canais de irrigação e assim nosso sistema não entra em falência”, ressaltou Henrique.