Concurso de Sanfoneiros atrai jovens músicos da região e revela novos talentos

. 20 junho 2015

Taiza Felisberto, para MultiCiência


Com sucesso de público e concorrentes, a 17ª edição do Concurso de Sanfoneiros, realizado pela Radio Emissora A voz do São Francisco, revelou seus talentos na edição deste ano na Concha Acústica de Petrolina. O festival foi incorporado ao São João Cultural da cidade e, segundo organização do evento, a junção foi realizada devido à dimensão cultural tomada pelo concurso que tem ganhado força e tradição.




O tema deste ano foi Toca Sanfoneiro e homenageou o radialista Carlos Augusto de Amariz, morto em abril, um do maiores incentivadores das manifestações sertanejas como os festivais e a Jecana do Capim. O homenageado foi representado pela filha Maíra Amariz que participou do júri, ao lado da professora Lúcia Costa, o jornalista Ney Vital e o juiz e sanfoneiro Ednaldo Fonseca, que abriu a noite de apresentações.

Este ano, as eliminatórias aconteceram nas cidades de São Raimundo Nonato (PI) e Lagoa Grande (PE). Foram Classificados para a final seis candidatos na categoria Mirim e mais dez na categoria Adulto. Dez dos competidores da noite fazem parte do projeto Acordes do Campestre, desenvolvido na cidade de São Raimundo Nonato, que ensina jovens e adultos a tocarem instrumentos como bateria, baixo, percussão e, é claro, sanfona.

O jovem Sandro de Souza (Sandrinho do Acordeom), campeão por três anos, é professor no projeto e conta que começou ensinando o pouco que aprendia para dar continuidade ao trabalho iniciado por seu pai. “Eu aprendia uma nota e já passava para os outros. Era um trabalho que meu pai fazia e eu peguei como herança musical” diz ele.

Ele conta que inicialmente a finalidade do projeto era apenar ensinar música, mas logo perceberam que o trabalho desenvolvido tinha um cunho social. “A gente dá as crianças a oportunidade de tocar um instrumento que talvez elas nunca fossem ter porque o acordeon é um instrumento caro”, observa o sanfoneiro, ressaltando ainda a importância do concurso para a valorização da cultura sertaneja. "Tudo isso é importante principalmente para a juventude, que tem muita coisa boa e importante aqui para a gente valorizar. No Nordeste, temos o grande defeito de importar cultura de outros lugares”, argumenta Sandro.

O público que foi à Concha Acústica ficou surpreendido com a apresentação de Luiz Miguel de apenas 4 anos tocando o clássicos como Asa Branca, em sua sanfona de 8 baixos. Maria dos Anjos, mãe de Miguel, conta que o garoto ganhou sua primeira sanfona aos 2 anos e consegue pegar as notas só em ouvir. “Ele não para e quer música toda hora, muitas vezes me perguntam o que nem sei explicar”, conta a mãe.

Vindo de Lagoa Grande, Romenildo Cardoso é bicampeão na categoria mirim ao concorrer em anos anteriores. Desta vez, conquistou mais um prêmio na categoria adulto. Outro premiado foi Luan Bagagí, irmão de Lays Bagagí, terceiro lugar na categoria adulto. Segundo ela, a paixão pela sanfona foi passada de pai para filhos em sua família. E como não poderia faltar, o concurso foi encerrado com o tradicional forró-pé-de-serra ao som do grupo Os Três do Cariri.