Evento se encerrou em
grande estilo com disputado show de Elba Ramalho na Nova Orla de Juazeiro
No
Nordeste, é muito comum ver uma sanfona e logo associá-la ao forró, ao xote e
baião. Isso por que ambos, instrumento e ritmos, são símbolos da cultura
popular da região. Na última semana, os admiradores do instrumento que
consagrou Luiz Gonzaga e Dominguinhos e ainda hoje asfalta a carreira de muitos
jovens artistas do gênero, puderam conhecer e apreciar seu lado mais erudito
através dos concertos realizados dentro do III Festival Internacional da
Sanfona, sediado em Juazeiro(BA), com oficinas na vizinha Petrolina.
Após uma pausa de quatro anos o
evento reuniu grandes nomes da música nacional e internacional. Na programação
workshops, oficinas e uma exposição de sanfonas, onde os visitantes puderam ver
de perto o instrumento sendo montado. Outra novidade foi o Concurso de
Sanfoneiros, incorporado ao evento, trazendo como premiação uma sanfona.
O vencedor do concurso foi Nonato
Lima, 24 anos, que veio de Fortaleza (CE). Nonato conta que herdou de seu pai a
paixão pelo instrumento e desde os 12 toca na noite. O músico diz que ganhar o
concurso foi uma surpresa e “sensação única”. “Estar em meio a grandes
músicos talentosos e dentre eles ser o primeiro, é uma satisfação muito
grande”, afirmou, em entrevista à equipe de reportagem do Multiciência.
Nonato Lima, vencedor do concurso |
As oficinas e workshops ministrados
pelos músicos Gennaro, João Frade, Munir Hossn e o grupo musical Quinteto
Persh, proporcionaram integração e troca de conhecimento entre os músicos
participantes que sem dúvidas enriqueceram suas bagagens. Para Nathanael Souza,
24 anos, participante de Portugal, o ponto alto do festival “foi conviver com
artistas maravilhosos e colegas queridos na troca de experiências”. Subir ao
palco com Oswaldinho, segundo ele, foi uma experiência difícil de ser
esquecida.
Oswaldinho e Nathanael Souza |
Pelo palco do Centro de Cultura João
Gilberto, local das apresentações durante a semana, também passaram nomes
consagrados e artistas que estão começando a trilhar na cena da sanfona:
Toninho Ferragutti, Bebê Kramer,
Renan Mendes, Daniel Itabaiana, Dino Rocha, João Frade, Silas França, Quinteto
Persch, Chico Chagas e Wanderley do Nordeste.
O público lotou a sala de teatro e
acompanhou atentamente cada apresentação. Para Celso de Carvalho, diretor geral
do evento, houve uma mudança no comportamento do público ao decorrer dos
concertos. “A gente viu que na sexta feira a sala ficou lotada do início ao
fim. O público respeitando como público de conserto, o que é comum na música
erudita”, observou.
SHOWS NA ORLA - O show de encerramento, pela expectativa do grande público, teve de
ser realizado na Orla Nova de Juazeiro. Lá, pertinho do rio São Francisco,
passaram nomes como Oswaldinho, Beto Hortis, Raimudinho do Acordeon, Targino
Gondim, e o Ucraniano Alexander Hrustevich.
Mas a grande esperada da noite foi a
cantora Elba Ramalho que agitou a multidão com seus forrós, baiões, xotes e
frevos, sempre auxiliada pela sanfona. “Sou intérprete de muitos compositores
que já passaram por aqui”, disse Elba, expressando a satisfação em participar
de um festival exaltando a sanfona. O segredo do sucesso de sua carreira,
segundo ela, sempre foi não se afastar das raízes.
Foto: Augusto Jackson |
“Quanto mais regional mais você é
universal. Quando eu vou cantar na Alemanha ou países mais exóticos o barato da
minha presença lá é realmente fazer essa coisa que eu faço. Hoje o mundo
derrubou seus muros as músicas se aproximam” diz ela.
Targino Gondim, diretor artístico e
curador do evento, demonstrou sua satisfação com o resultado final do Festival.
“A gente conseguiu voltar com toda a força mostrando que as pessoas gostam
muito da sanfona, de boa música, gostam de cultura, da arte, dos músicos. Estou
muito feliz porque o objetivo do festival foi alcançado” destacou.
Por Taiza Felisberto