3º Festival Internacional da Sanfona chegou à reta final coroando instrumentistas do Brasil e exterior

. 22 julho 2015
Evento se encerrou em grande estilo com disputado show de Elba Ramalho na Nova Orla de Juazeiro

No Nordeste, é muito comum ver uma sanfona e logo associá-la ao forró, ao xote e baião. Isso por que ambos, instrumento e ritmos, são símbolos da cultura popular da região. Na última semana, os admiradores do instrumento que consagrou Luiz Gonzaga e Dominguinhos e ainda hoje asfalta a carreira de muitos jovens artistas do gênero, puderam conhecer e apreciar seu lado mais erudito através dos concertos realizados dentro do III Festival Internacional da Sanfona, sediado em Juazeiro(BA), com oficinas na vizinha Petrolina.











Após uma pausa de quatro anos o evento reuniu grandes nomes da música nacional e internacional. Na programação workshops, oficinas e uma exposição de sanfonas, onde os visitantes puderam ver de perto o instrumento sendo montado. Outra novidade foi o Concurso de Sanfoneiros, incorporado ao evento, trazendo como premiação uma sanfona. 
O vencedor do concurso foi Nonato Lima, 24 anos, que veio de Fortaleza (CE). Nonato conta que herdou de seu pai a paixão pelo instrumento e desde os 12 toca na noite. O músico diz que ganhar o concurso foi uma surpresa e “sensação única”. “Estar em meio a grandes músicos talentosos e dentre eles ser o primeiro, é uma satisfação muito grande”, afirmou, em entrevista à equipe de reportagem do Multiciência.
Nonato Lima, vencedor do concurso 
As oficinas e workshops ministrados pelos músicos Gennaro, João Frade, Munir Hossn e o grupo musical Quinteto Persh, proporcionaram integração e troca de conhecimento entre os músicos participantes que sem dúvidas enriqueceram suas bagagens. Para Nathanael Souza, 24 anos, participante de Portugal, o ponto alto do festival “foi conviver com artistas maravilhosos e colegas queridos na troca de experiências”. Subir ao palco com Oswaldinho, segundo ele, foi uma experiência difícil de ser esquecida.

Oswaldinho e Nathanael Souza
Pelo palco do Centro de Cultura João Gilberto, local das apresentações durante a semana, também passaram nomes consagrados e artistas que estão começando a trilhar na cena da sanfona: Toninho Ferragutti, Bebê Kramer, Renan Mendes, Daniel Itabaiana, Dino Rocha, João Frade, Silas França, Quinteto Persch, Chico Chagas e Wanderley do Nordeste.
O público lotou a sala de teatro e acompanhou atentamente cada apresentação. Para Celso de Carvalho, diretor geral do evento, houve uma mudança no comportamento do público ao decorrer dos concertos. “A gente viu que na sexta feira a sala ficou lotada do início ao fim. O público respeitando como público de conserto, o que é comum na música erudita”, observou.
SHOWS NA ORLA - O show de encerramento, pela expectativa do grande público, teve de ser realizado na Orla Nova de Juazeiro. Lá, pertinho do rio São Francisco, passaram nomes como Oswaldinho, Beto Hortis, Raimudinho do Acordeon, Targino Gondim, e o Ucraniano Alexander Hrustevich.

Foto: Augusto Jackson 
Mas a grande esperada da noite foi a cantora Elba Ramalho que agitou a multidão com seus forrós, baiões, xotes e frevos, sempre auxiliada pela sanfona. “Sou intérprete de muitos compositores que já passaram por aqui”, disse Elba, expressando a satisfação em participar de um festival exaltando a sanfona. O segredo do sucesso de sua carreira, segundo ela, sempre foi não se afastar das raízes.
Foto: Augusto Jackson
“Quanto mais regional mais você é universal. Quando eu vou cantar na Alemanha ou países mais exóticos o barato da minha presença lá é realmente fazer essa coisa que eu faço. Hoje o mundo derrubou seus muros as músicas se aproximam” diz ela.
Targino Gondim, diretor artístico e curador do evento, demonstrou sua satisfação com o resultado final do Festival. “A gente conseguiu voltar com toda a força mostrando que as pessoas gostam muito da sanfona, de boa música, gostam de cultura, da arte, dos músicos. Estou muito feliz porque o objetivo do festival foi alcançado” destacou.
Por Taiza Felisberto