Miúcha lapida clássicos da Bossa Nova em show memorável na Orla de Juazeiro

. 27 outubro 2015
                                  

Os amantes da boa música do Vale do São Francisco, especialmente das cidades de Petrolina e da vizinha Juazeiro (BA), tiveram um noite memorável ao relembrar às margens do Velho Chico, clássicos da bossa nova sob o comando da cantora carioca Miúcha, que redesenhou em seu canto os maiores clássicos do movimento musical  assinalado por nomes como  Vinícius de Moraes, Tom Jobim, seu irmão Chico Buarque, e claro, o ex-marido João Gilberto, filho da cidade baiana. O show, na Orla de Juazeiro, marcou o encerramento da final do festival Edésio Santos da Canção, promovido pela Prefeitura local e atraiu concorrentes de Pernambuco, Paraíba, Bahia, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro e até do Acre.
Convidada especial do evento, Miúcha se sentiu em casa e convocou o público formado por várias gerações a fazer coro na maioria das canções. Abriu com Samba do Avião e saiu tirando da cartola do movimento que ainda hoje é bem vindo nos Estados Unidos e Japão, canções simbólicas: Se todos fossem iguais a você, Sei lá, a vida tem sempre razão, Pela luz dos olhos teus e Eu sei que vou te amar e Gente humilde, para ela um dos maiores presentes que já recebeu ordem para gravar.
Depois da terceira música elogiou o calor humano e argumentou que para compartilhar a emoção tinha que tomar outra coisa que não fosse água. Logo lhe serviram uma dose de whisk pra continuar com o momento de boemia em homenagem aos sertanejos e a João Gilberto. Acompanha por uma banda de feras com Jamil Joanes (baixo), Cristóvão Bastos (piano), João Lyra (violões) e Ricardo Costa (bateria), Miúcha dava pausas para contar alguns causos curiosos envolvendo os ícones do movimento banquinho e violão.
“Vinícius era sentimental demais, alegre, um grande poeta e mentiroso, todo poeta-compositor gosta às vezes de contar mentiras”, brincou a cantora. E mandou ver nos sambas canções Chega de Saudade e  Izaura. Do irmão Chico Buarque novas leituras de Todo sentimento, Maninha, João e Maria e Dezembros, estas duas últimas em parceria com Sivuca e Tom Jobim. Também fisgou de seu repertório Saudosismo (homenagem de Caetano Veloso à bossa nova). Show acabado, não podia faltar o bis. Miúcha volta esmagando os limites da idade e problemas de coluna. Brindou o público com outro clássico pregando que “A felicidade é como gota de orvalho numa pétala de flor”.
Pesquisador de música brasileira e poeta, Augusto Santos elogiou o roteiro e a presença de palco da cantora com os músicos que a acompanharam. “Miúcha é uma grande voz e mantém a tradição de visitar grandes clássicos”, disse. A educadora Chris Barbosa não escondeu, ao final, a emoção com os clássicos lapidados por Miúcha.
“Foi um grande mergulho na bossa nova. Tudo que desejava um dia era ver um show com alguém da turma de Tom, Vinicius e Chico. Sai realizada, com o repertorio e simpatia de Miúcha”, declarou.
ESTÁTUA DE JOÃO - Dentro da programação do festival, os simpatizantes da bossa festejaram no sábado à tarde a inauguração da estátua  em bronze do compositor João Gilberto, sentado num banco de praça, tocando violão. O monumento, feito pelo escultor Leo Santana, foi inaugurado durante o pôr-do-sol do sábado. “Tenho certeza que será um chamariz de turistas. Muitos vão querer tirar uma foto, registrar a visita à terra do criador da Bossa Nova”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo do município, Carlos Neiva. João Gilberto ganhou o mundo com a originalidade e a sonoridade que brotaram das cordas do seu violão, dando vida a um movimento batizado de Bossa Nova.

Por Emanuel Andrade (Articulista do Multiciência)