Considerados patrimônio da comunidade, alguns exemplares se mostram degradados e ameaçados de desaparecimento
Por Jorge
Luis Alencar (Especial para o Multiciência)
A história de uma cidade não é contada apenas em
livros ou na memória oral de seus habitantes. Também está contida na
arquitetura e em monumentos espalhados na área urbana e rural. Um dos mais
importantes município do Sertão de Pernambuco, Petrolina, famosa por seu
artesanato e sua fruticultura que impulsiona a economia regional, completou 120
anos de emancipação política em setembro. Seus ícones arquitetônicos
Só que nos últimos vinte anos, grande parte desse
cartão postal histórico, considerado patrimônio da comunidade, vem sendo
degradado e ameaçado de desaparecimento, apesar das leis que protegem o
patrimônio público.
A Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de
Pernambuco (Fundarpe), responsável pelos tombamentos dos bens culturais do
Estado de Pernambuco, já tombou vários prédios a exemplo da Igreja Matriz e seu
entorno, a Praça do Centenário e a Estação Ferroviária da Estrada Leste
Brasileiro.
Por outro lado, parte da chamada Petrolina antiga,
está ameaçada pela especulação imobiliária por não ser tombada. Com
características do século 19, algumas edificações que representa esse casario
funcionaram por mais de meio século, como armazéns comerciais até o
começo dos anos 80. Hoje estão desativados e sem projeto de manutenção ou
restauro.
De acordo com a arquiteta Camila Alencar, o
patrimônio conta parte da história da localidade e corresponde à herança da
memória coletiva e identidade cultural da comunidade. "Muitas dessas
construções mostram a diversidade no percurso do tempo e registram os
diferentes momentos históricos, marcando cada época com o seu padrão estético e
construtivo próprio. É necessário proteger esse patrimônio, para que possa
continuar sendo objeto de estudo para as futuras gerações”, argumenta.
A educadora Déa Raquel, residente em um solar
próximo da Praça 21 de Setembro, em frente ao coreto e ao histórico Clube da
21, que ainda estão preservados. Seu avô participou de construções
importantes de Petrolina. "É prazeroso viver em um lugar que tem
tantas histórias e recordações a partir da arquitetura. Isso é grandioso pra
nossa cultura. Mas é preciso defender que os exemplares que ainda existem não
sejam demolidos", argumenta.
Em setembro deste ano, a diretoria do Patrimônio
Histórico e Cultural do Exército, junto com a Prefeitura, anunciaram apenas o projeto
de revitalização da Praça Kennedy que abriga o monumento dos Pracinhas,
inaugurado há dois anos, em homenagem à Força Expedicionária Brasileira (FEB).
O espaço foi construído com o objetivo de reverenciar os soldados da região que
deixaram a sua terra natal para defender a Pátria durante a 2ª Guerra Mundial,
há 70 anos.