Arquitetura do casario antigo de Petrolina ainda resgata fragmentos de sua história

. 27 novembro 2015

Considerados patrimônio da comunidade, alguns exemplares se mostram degradados e ameaçados de desaparecimento
                                    
                                                  Por Jorge Luis Alencar (Especial para o Multiciência)

A história de uma cidade não é contada apenas em livros ou na memória oral de seus habitantes. Também está contida na arquitetura e em monumentos espalhados na área urbana e rural. Um dos mais importantes município do Sertão de Pernambuco, Petrolina, famosa por seu artesanato e sua fruticultura que impulsiona a economia regional, completou 120 anos de emancipação política  em setembro. Seus ícones arquitetônicos 
estão espalhados na área central, desenhando o sítio histórico da cidade sertaneja.

Só que nos últimos vinte anos, grande parte desse cartão postal histórico, considerado patrimônio da comunidade, vem sendo degradado e ameaçado de desaparecimento, apesar das leis que protegem o patrimônio público.

A Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), responsável pelos tombamentos dos bens culturais do Estado de Pernambuco, já tombou vários prédios a exemplo da Igreja Matriz e seu entorno, a Praça do Centenário e a Estação Ferroviária da Estrada Leste Brasileiro. 

Por outro lado, parte da chamada Petrolina antiga, está ameaçada pela especulação imobiliária por não ser tombada. Com características do século 19, algumas edificações que representa esse casario funcionaram por mais de meio século, como  armazéns comerciais até o começo dos anos 80. Hoje estão desativados e sem projeto de manutenção ou restauro.

De acordo com a arquiteta Camila Alencar, o patrimônio conta parte da história da localidade e corresponde à herança da memória coletiva e identidade cultural da comunidade. "Muitas dessas construções mostram a diversidade no percurso do tempo e registram os diferentes momentos históricos, marcando cada época com o seu padrão estético e construtivo próprio. É necessário proteger esse patrimônio, para que possa continuar sendo objeto de estudo para as futuras gerações”, argumenta.
 
A educadora Déa Raquel, residente  em um solar próximo da Praça 21 de Setembro, em frente ao coreto e ao histórico Clube da 21, que ainda estão preservados.  Seu avô participou de construções importantes de Petrolina.  "É prazeroso viver em um lugar que tem tantas histórias e recordações a partir da arquitetura. Isso é grandioso pra nossa cultura. Mas é preciso defender que os exemplares que ainda existem não sejam demolidos", argumenta.

Em setembro deste ano, a diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército, junto com a Prefeitura, anunciaram apenas o projeto de revitalização da Praça Kennedy que abriga o monumento dos Pracinhas, inaugurado há dois anos, em homenagem à Força Expedicionária Brasileira (FEB). O espaço foi construído com o objetivo de reverenciar os soldados da região que deixaram a sua terra natal para defender a Pátria durante a 2ª Guerra Mundial, há 70 anos.