Manifestações artísticas de caráter afro nas ruas

. 27 novembro 2015

Uma das principais e mais dinâmicas cidade do interior da Bahia, Juazeiro, no Sertão do Estado, foi palco de uma eclética manifestação, em torno do Dia da Consciência Negra, celebrado com um movimentado cortejo afro. A concentração aconteceu na Praça Dedé Caxias, na área central da cidade, e o cortejo seguiu pelo Avenida Adolfo Viana, com destino à Rua da 28.
Entre as atrações estava o grupo Quidé Falaê e a fanfarra do Colégio Modelo. Sobe a organização da Secretaria de Desenvolvimento Social em parceria com a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e a  Univasf, o evento reuniu representantes dos terreiros de Candomblé, Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Social (COMPIR), Naenda – Instituto Cultural de Arte e Comunicação, além de e grupos de capoeira como Guebala, Abada e Topázio.
Coordenadora da Associação Nacional de Preservação do Patrimônio Umbanda, Yoná Pereira, destacou que essas manifestações são importantes para modificar o olhar da sociedade para com os povos de terreiro. “Nós somos vistos como bichos, os que não prestam. Quando começamos a participar de eventos como esse as pessoas passam a perceber que somos gente, cidadãos, existimos aqui na cidade. É um momento de afirmação do nosso povo”, argumentou.
Para Luana Rodrigues, gerente de Diversidade e Igualdade Social da entidade, o cortejo leva para as ruas a resistência do povo negro, visando fortalecer a identidade racial da população juazeirense.
"Isso possibilita uma reflexão sobre a necessidade de mais políticas públicas para a promoção da igualdade racial, saúde igualitária levando em consideração os problemas específicos da população negra", diz ela ao apontar a efetivação nas escolas da Lei 10.639 - que versa sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, ressaltando a importância da cultura negra na formação da sociedade brasileira - bem como o combate à violência e a intolerância religiosa.
“A gente chama o povo negro pra tomar as ruas, para dizer que somos 73% da população nessa cidade. “Só em ver que as pessoas cada vez mais estão se assumindo e enxergar no rosto a satisfação em celebrar, já valeu todo o evento”, comemorou.
Após o cortejo a comemoração continuou na rua da 28 com a apresentação do afoxé Filhos de Zaze, Balé afro Oríbení, Samba de véio e o  desfile da beleza negra. O show final ficou por conta da banda Tio Zéba. 
 Por Taíza Felisberto