Banda Philarmônica de Petrolina se renova com projeto Jovem 21

. 17 janeiro 2016
     
Petrolina também é celeiro da diversidade musical que, entre outros nomes, vai de Geraldo Azevedo ao Samba de Véio da Ilha do Massangano, que impressionou o escritor Ariano Suassuna. Nesse território, a música instrumental também ganha espaço pelas mãos dos músicos integrantes da tradicional Banda Philarmônica 21 de Setembro que atravessa um século de história sem perder sua originalidade. Com a missão de revitalizar sua trajetória criou no ano passado, o programa de incentivo educacional Jovem 21, e abriu seleção com mais de 70 vagas entre instrumentistas e técnicos para compor sua estrutura musical e logística.
Ozenir, Maestro da Philarmônica 
As bolsas variam de R$ 200 a R$ 1,2 mil em vários níveis de escolaridade e técnico-musical. Os profissionais poderão desenvolver atividades entre a Philarmônica e a Orquestra Sinfônica do Sertão, pertencente ao IF Sertão Campus Petrolina. Após o processo de seleção que se encerrou no último dia 15, as atividades terão início em 25 de janeiro. Já a temporada de concertos abertos será retomada após o carnaval. Com 105 anos de história, e várias gerações de músicos, a idéia é dar sequência ao projeto da Philarmônica Jovem que já conta com cerca de 30 integrantes jovens que, em sua maioria, surgiram das fanfarras escolares.
Francisco Dias
O passado de apresentações dispersas da Philarmônica máster ficou para trás. Até o final do ano passado, junto com os jovens foram 60 apresentações, em um semestre. Com o mote de que música é para se compartilhar em espaços públicos, seus instrumentistas foram ao encontro do público, em praças e escolas dos bairros da periferia, durante a semana, e aos domingos no amplo Parque Josepha Coelho.
A versatilidade do repertório e o perfil dos músicos de idades distintas acabam mesclando a experiência de uns com as novas idéias dos que chegam. Há 35 anos integrando o elenco da tradicional Philarmônica, Francisco Dias, 72, não esconde a felicidade ao falar sobre seus colegas de sinfonia. “Somos mais que uma família de carinho, respeito e troca de experiências”, argumenta.
Marcos Vinícios 
O mais novo dos integrantes da orquestra é Marcos Vinícius Mangabeira, um jovem de 14 anos que esbanja brilho no olhar e orgulho quando está se apresentando. Ele não pensa em outra coisa a não ser se profissionalizar em música. “O importante é fazer parte da banda Philarmônica máster. Música é o que gosto de fazer, minha paixão. Com perseverança treino todo dia, porque essa deve  ser meta para quem quer chegar a algum lugar”, ensina o garoto.
Maikon Quirino 
Para Maikon Quirino de Souza, 23, também novo integrante da máster, o projeto para iniciantes é referência para os mais novos. “A máster requer maior experiência, o repertório é mais exigente”, reconhece. Um dos precursores responsáveis pela revitalização e modernização da banda, é o professor Ozenir Luciano, que teve a idéia de trazer a banda para as ruas. “Música precisa de público, se o público não conhecer, não tem sentido nenhum a banda existir”, ressalta o maestro.
Curso de Música – O panorama da música na região também invade as salas de aulas com o propósito cada vez mais de profissionalizar aqueles que querem fazer carreira no segmento. A chegada do curso de Licenciatura em Música do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Sertão Pernambucano (IF Sertão – PE), vai além da teoria. Já são duas turmas funcionando, sendo uma pela manhã e outra à noite e ganhará uma terceira neste primeiro semestre.
Desde o surgimento, o curso foi se adaptando e aprimorado. Para entrar, o aluno precisa fazer uma prova específica de leitura. “Por enquanto não temos alunos desistentes, apesar dos desafios, entre eles, e da dificuldade de se ler partitura”, explica o coordenador do curso, Alan Barbosa, apontando que o curso de Licenciatura em Música como qualquer outro de arte não se ensina do zero.

O maestro da Philarmônica Jovem, Hélio Lima, faz parte da segunda turma do curso de licenciatura e aponta que o projeto musical acadêmico do IF- Sertão, capacita todos os alunos para o mercado. “O embasamento teórico é importante, mas não é tudo, a vivência musical conta muito mais”, afirma. Na região do São Francisco apenas o IF-Sertão possui o curso de Música.

por Christyanne Caldas e José Lucas