Pesquisas discutem a Convivência com o Semiárido

Multiciência 04 outubro 2018


Discussões que retratam a convivência com o semiárido marcaram a manhã desta quinta-feira (04/10), durante o VIII Workshop WECSAB, no Departamento de Ciências Humanas-DCH, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), campus III, em Juazeiro-BA. Educação, cultura e semiárido foram alguns dos temas apresentados nos Grupos de Trabalhos – GTs, no período de 8h às 10h, reunindo pesquisadores, profissionais e estudantes.

Em seguida, no auditório Multimídia, de 10h15min às 12h, foram ministradas Sessões Coordenadas, que discutiram os desafios da educação contextualizada. A Sessão “Projetos Reflexões”, coordenada pelo professor Edmerson dos Santos Reis e pelas professoras Francisca de Assis de Sá e Edilane Carvalho Teles, trouxe os resultados das Pesquisas desenvolvidas nos Projetos de Extensão, Iniciação Científica e Mestrado, do DCH III.

A socialização das produções ajuda na promoção das reflexões a respeito da visão equivocada do semiárido, dos estereótipos e apresenta possibilidade de uma educação contextualizada que contribua para formação na forma de perceber e reconhecer o semiárido.

Pesquisadores da área de Educação Contextualizada com o Semiárido Brasileiro compreendem que a construção da realidade do semiárido, existente há anos, transmite a ideia de nordeste brasileiro em detrimento da singularidade do semiárido, utilizando a ideia de seca como algo que fortalece os projetos das elites.



O colaborador Edmerson dos Santos Reis afirma que "essa ideia foi disseminada pela literatura, música, escola, livro didático e pela imprensa, que construíram uma imagem negativada do semiárido brasileiro. Não é fácil desconstruir esse conceito e percepção histórica. Isso está presente nos livros didáticos que temos acesso, reportando um semiárido como um lugar de miséria e de impossibilidade. 

O pesquisador destaca que as pesquisas promovem discussão acerca dessas mentalidades, que vão incidir na mudança das concepções que se constroem. "Quando realizamos um workshop, a gente está discutindo na pesquisa, nas experiências concretas como é que essa ação na escola, na universidade, vem sendo desconstruída. Quais são os caminhos possíveis de construir uma nova concepção por nós, e não como foi feita até então por outros falando por nós”.



Eventos como o Workshop permitem reavaliar as políticas de comunicação na divulgação do semiárido. As reportagens que transmitem a ideia de seca no semiárido brasileiro comumente trazem elementos caracterizados por chão rachado, música fúnebre, imagens de animais mortos, estereotipando a realidade do semiárido, criando um cenário de miséria e negatividade. O desafio de iniciativas como o WECSAB é reformular o pensamento das compreensões construídas em torno do semiárido brasileiro, a partir do próprio local de realização do evento, como o município de Juazeiro-BA.


TEXTO: Camila Santana/ Lidiane Ribeiro
FOTOS: Patricia Rodrigues