Cores, formas,
traços uniram jovens artistas para construir uma exposição repleta de
sentimentos e conhecimentos associados à arte, levando os expectadores a cultivar
e a contemplar obras reflexivas sobre a mulher e seu papel político na
história.
É percebido em
algumas obras o sertão visto de uma forma esteticamente bela reproduzida
através de um trabalho de reutilização com ossos de animais típicos do nordeste
como a vaca e o bode. Além disso, as artes expressam em pedras os desenhos
ancestrais da cultura indígena, digna de perfeição nos detalhes e formas.
Porque “O fim
do desenho?”, título da exposição de arte visual. Esta é uma pergunta inerente à
essência da arte, a de provocar questionamentos. É notório o despertar
reflexivo a partir da observação dos desenhos. O expectador é conduzido a
desenvolver um olhar mais sensível para os traços entre fotografias e pinturas.
Neste sentido, as obras explicam sua existência por uma visão mais minuciosa,
detalhista das coisas que estão ao nosso redor e que compõem o mundo.
A exposição de
artes visuais “O fim do Desenho?” acontece na Universidade Federal do Vale do
São Francisco (Univasf), Campus Juazeiro no Pavilhão de Artes Visuais. As obras
são uma produção do Colegiado de Artes (Cartes) em parceria com a Diretoria de
Arte, Cultura e Ações Comunitárias (Dacc) da Univasf; e o projeto “Silenciamentos”,
desenvolvido pela professora Clarissa Campello do Cartes e por estudantes do
curso. A exposição ocorre nas salas de Pintura e Desenho, no Bloco de Artes, e pode ser visitadas no horário de 19 ás 22:00
horas.
O trabalho de
exibição das obras faz parte da semana de integração do curso de Artes visuais
e tem a intenção dos estudantes conhecerem as áreas e possibilidade de formação
do Curso, além de permitir que os veteranos socializem seus trabalhos
artísticos, educativos e científicos.
Segundo o
curador da exposição Edson Macalin, as dez obras são compostas pela
singularidade de cada aluno trazendo seu processo criativo, expondo questões
que lhe são valiosas e que fazem parte do seu contexto social. Os desenhos
tradicionais são percebidos de outras formas, como por exemplo, o bordado
aplicado às fotografias e os troncos secos que trazem uma estética diferenciada
aos admirados dessas obras entre outros.
Também são desveladas
histórias de vida a partir das obras, uma delas a de mulher que sofreu com o
preconceito porque fazia graffiti. Ela foi julgada como alguém que praticava
vandalismo. A consequência foi a violência simbólica, interrompendo seu
processo de criação e se dedicou a fazer crochê.
Para o
desenhista Irving Tavares o que mais lhe chamou atenção na exposição foi
perceber que as obras de artes estavam voltadas para o tema da violência e a
questão do racismo. “Pude perceber que os desenhos falam sobre nosso dia-a-dia,
como eles estão difíceis, com muitas mortes e acontecimentos ruins”.
Alisson
Nogueira é um dos artistas da exposição e sua obra Cama Dágua apresenta uma
cama frágil com muita poesia que rememora os tempos de cadeira na calçada e os
mergulhos do cais. “Como se o tempo nada pudesse mudar passava como se o rio
não desaguasse no mar”.
Texto: Moisés Cavalcante
Imagens: Moisés Cavalcante