Prevenção e cuidados dos profissionais de saúde em meio a pandemia

Multiciência 09 maio 2020

Os profissionais da saúde estão na linha de frente para o combate à Covid-19 e estão expostos ao risco de contaminação. Em Juazeiro, dos 35 casos confirmados para o novo coronavírus, 13 são profissionais da saúde. A enfermeira Suziane Michele, de 32 anos, foi uma das primeiras a ser diagnosticada com a Covid -19. Apesar de ter sido uma transmissão comunitária, quando não se consegue identificar o vínculo epidemiológico, Suziane relata o medo que seus colegas de trabalho enfrentam diante do avanço da pandemia. “Nós profissionais de saúde somos treinados para receber os pacientes com suspeita ou confirmado com Covid-19. Porém, tem muitos profissionais que estão com psicológico abalado, com medo dos números de casos aumentar e também tem o medo em relação ao risco que temos, pois estamos bem expostos”, afirma.
Suziane ficou 14 dias em sua residência, afastada da filha e familiares. Apresentou sintomas leves como dor de cabeça, náuseas, diarréia e calafrios. Foram cinco dias com esses sintomas e, após isso, ficou assintomática até o término do isolamento. O resultado da cura clínica foi recebido no dia 24 de abril e atualmente segue a vida normalmente. Contudo, reconhece que a situação trouxe impactos psicológicos em decorrência do preconceito que sofreu tanto dos profissionais da saúde quanto da população. “O preconceito é bem pior do que o vírus”, afirmou a enfermeira. Antes do diagnóstico do Covid-19, circularam nas redes sociais informações sobre a possível contaminação da profissional.

Suziane já está recuperada e feliz com a família
Ministério da Saúde, Secretaria de Saúde e instituições hospitalares têm orientado os profissionais a adotar protocolos para diminuir o risco de contaminação. São adotadas alas exclusivas para pacientes notificados e confirmados com a Covid-19, reservados leitos de UTI e triagem especial para pessoas com sintomas gripais. Segundo o médico Salvador Carvalho, foram adotadas medidas diferenciadas para o atendimento aos pacientes com sintomas gripais. Na Unidade Básica de Saúde, onde ele atua, pacientes que contém sintomas como febre e tosse são atendidos em um local diferente dos demais. Os profissionais recebem esses pacientes com os equipamentos necessários para que possam se proteger, reduzindo a possibilidade de haver contágio, caso o paciente esteja com o vírus e seja assintomático.
Salvador Carvalho atende na rede básica
Por ser uma doença nova, os profissionais ainda estão aprendendo a lidar com as informações e adotando medidas de prevenção, como a forma correta de higienizar as mãos, o uso correto dos equipamentos de proteção individual, além da necessidade de um cuidado maior no momento de colocar e retirar os instrumentos de trabalho como avental, máscaras, touca, óculos, protetores faciais e luvas. Doutora em Enfermagem e professora da Universidade do Estado da Bahia, Gilvânia Paixão, acredita que os profissionais da saúde ainda não estão preparados para enfrentar a crise sanitária. “Ninguém está preparado. Esse agente viral pegou todo mundo de surpresa. Sem dúvida alguma, é o maior desafio sanitário, quando pensamos em escala global, desse século. Os profissionais da saúde estão tendo que se desdobrar ao máximo em meio ao caos, onde a pandemia já chegou com força. Eles estão trabalhando muito mais, digamos que eles têm um plantão de 12 horas, então naquelas 12 horas eles estão trabalhando muito mais intensamente do que em um plantão normal”.
Além do trabalho intensivo e de situações de estresse, os profissionais precisam estar atualizados com as informações novas a respeito do coronavírus. “Todos os dias saem coisas novas e os profissionais precisam lidar com isso, estudar, ler todos os dias, porque cada dia tem evidência nova, vem um suposto tratamento novo e tudo ainda é muito experimental”. Além disso, cada profissional deve manter o autocuidado fora do local de trabalho, pois faz parte da população que precisa ir aos mercados, bancos e farmácias. “O profissional de saúde é um cidadão comum, ele saiu do plantão, ele saiu do seu trabalho, ele vai para sua casa. Então, dentro de casa, na ida ao supermercado, na ida ao banco, em qualquer outro lugar, ele tem que tomar todos os cuidados que também são cuidados que um cidadão comum tem que tomar. O distanciamento social, as questões de higiene, higienização das mãos e o uso de máscara. A gente tem que se atentar nisso, porque muitos profissionais acabam sendo muito cuidadosos no âmbito profissional, no local de trabalho, mas eles acabam pecando algumas vezes quando estão fora do trabalho”, alerta Gilvania.
A população pode fazer sua parte para evitar que o sistema de saúde fique sobrecarregado, dificultando ainda mais a situação dos profissionais de saúde. Todos podem ajudar ficando em casa, saindo somente quando necessário e, caso precise, fazer uso da máscara artesanal e usar o álcool em gel.
A Secretaria de Saúde da cidade de Juazeiro testa e monitora de acordo com as diretrizes e normas técnicas do Governo do Estado da Bahia e do Ministério da Saúde. Qualquer dúvida relacionada à Covid-19, deve entrar em contato através do WhatsApp (74) 99819-3089 que funciona em horários comerciais e dias úteis de segunda-feira a sexta-feira.

Por Vitória Amorim, estudante de Jornalismo em Multimeios da UNEB
Arte Gráfica: Vanessa Ramos

Reportagem atualizada no dia 11 de maio, às 17h, referente aos novos casos de coronavírus.