Os
profissionais da saúde estão na linha de frente para o combate à Covid-19 e estão
expostos ao risco de contaminação. Em Juazeiro, dos 35 casos confirmados para o
novo coronavírus, 13 são profissionais da saúde. A enfermeira Suziane Michele,
de 32 anos, foi uma das primeiras a ser diagnosticada com a Covid -19. Apesar de
ter sido uma transmissão comunitária, quando não se consegue identificar o
vínculo epidemiológico, Suziane relata o medo que seus colegas de trabalho
enfrentam diante do avanço da pandemia. “Nós profissionais de saúde somos
treinados para receber os pacientes com suspeita ou confirmado com Covid-19. Porém,
tem muitos profissionais que estão com psicológico abalado, com medo dos
números de casos aumentar e também tem o medo em relação ao risco que temos,
pois estamos bem expostos”, afirma.
Suziane
ficou 14 dias em sua residência, afastada da filha e familiares. Apresentou
sintomas leves como dor de cabeça, náuseas, diarréia e calafrios. Foram cinco
dias com esses sintomas e, após isso, ficou assintomática até o término do
isolamento. O resultado da cura clínica foi recebido no dia 24 de abril e
atualmente segue a vida normalmente. Contudo, reconhece que a situação trouxe
impactos psicológicos em decorrência do preconceito que sofreu tanto dos
profissionais da saúde quanto da população. “O preconceito é bem pior do que o
vírus”, afirmou a enfermeira. Antes do diagnóstico do Covid-19, circularam nas
redes sociais informações sobre a possível contaminação da profissional.
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Suziane já está recuperada e feliz com a família |
Ministério
da Saúde, Secretaria de Saúde e instituições hospitalares têm orientado os
profissionais a adotar protocolos para diminuir o risco de contaminação. São
adotadas alas exclusivas para pacientes notificados e confirmados com a
Covid-19, reservados leitos de UTI e triagem especial para pessoas com sintomas
gripais. Segundo o médico Salvador Carvalho, foram adotadas medidas
diferenciadas para o atendimento aos pacientes com sintomas gripais. Na Unidade
Básica de Saúde, onde ele atua, pacientes que contém sintomas como febre e
tosse são atendidos em um local diferente dos demais. Os profissionais recebem
esses pacientes com os equipamentos necessários para que possam se proteger, reduzindo
a possibilidade de haver contágio, caso o paciente esteja com o vírus e seja
assintomático.
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Salvador Carvalho atende na rede básica |
Por
ser uma doença nova, os profissionais ainda estão aprendendo a lidar com as
informações e adotando medidas de prevenção, como a forma correta de higienizar
as mãos, o uso correto dos equipamentos de proteção individual, além da
necessidade de um cuidado maior no momento de colocar e retirar os instrumentos
de trabalho como avental, máscaras, touca, óculos, protetores faciais e luvas. Doutora
em Enfermagem e professora da Universidade do Estado da Bahia, Gilvânia Paixão,
acredita que os profissionais da saúde ainda não estão preparados para
enfrentar a crise sanitária. “Ninguém está preparado. Esse agente viral pegou
todo mundo de surpresa. Sem dúvida alguma, é o maior desafio sanitário, quando
pensamos em escala global, desse século. Os profissionais da saúde estão tendo
que se desdobrar ao máximo em meio ao caos, onde a pandemia já chegou com
força. Eles estão trabalhando muito mais, digamos que eles têm um plantão de 12
horas, então naquelas 12 horas eles estão trabalhando muito mais intensamente
do que em um plantão normal”.
Além
do trabalho intensivo e de situações de estresse, os profissionais precisam
estar atualizados com as informações novas a respeito do coronavírus. “Todos os
dias saem coisas novas e os profissionais precisam lidar com isso, estudar, ler
todos os dias, porque cada dia tem evidência nova, vem um suposto tratamento
novo e tudo ainda é muito experimental”. Além disso, cada profissional deve manter
o autocuidado fora do local de trabalho, pois faz parte da população que
precisa ir aos mercados, bancos e farmácias. “O
profissional de saúde é um cidadão comum, ele saiu do plantão, ele saiu do seu
trabalho, ele vai para sua casa. Então, dentro de casa, na ida ao supermercado,
na ida ao banco, em qualquer outro lugar, ele tem que tomar todos os cuidados
que também são cuidados que um cidadão comum tem que tomar. O distanciamento
social, as questões de higiene, higienização das mãos e o uso de máscara. A gente tem
que se atentar nisso, porque muitos profissionais acabam sendo muito cuidadosos
no âmbito profissional, no local de trabalho, mas eles acabam pecando algumas
vezes quando estão fora do trabalho”, alerta Gilvania.
A
população pode fazer sua parte para evitar que o sistema de saúde fique
sobrecarregado, dificultando ainda mais a situação dos profissionais de saúde.
Todos podem ajudar ficando em casa, saindo somente quando necessário e, caso
precise, fazer uso da máscara artesanal e usar o álcool em gel.
A
Secretaria de Saúde da cidade de Juazeiro testa e monitora de acordo com as diretrizes
e normas técnicas do Governo do Estado da Bahia e do Ministério da Saúde.
Qualquer dúvida relacionada à Covid-19, deve entrar em contato através do
WhatsApp (74) 99819-3089 que funciona em horários comerciais e dias úteis de
segunda-feira a sexta-feira.
Arte Gráfica: Vanessa Ramos
Reportagem atualizada no dia 11 de maio, às 17h, referente aos novos casos de coronavírus.