Radionovela é utilizada como ferramenta pedagógica na rede estadual

Multiciência 13 maio 2020

Mídia com amplo poder de alcance, o rádio é aliado no estímulo à aprendizagem nas escolas brasileiras. Em Juazeiro, no norte da Bahia, quem apostou na importância desse canal para o desenvolvimento dos estudantes foi a jornalista Beatriz Braga que, junto com os alunos do Colégio Estadual Misael Aguilar Silva (CEMAS), produziu a radionovela Depressão na Adolescência.

A radionovela conta a história de uma estudante de 16 anos que precisa lidar com a tristeza e a falta de ânimo, depois de passar por problemas pessoais que envolviam seu pai e namorado. Com uma narrativa direcionada aos alunos, o produto é apresentado em três capítulos que, segundo a jornalista, teve a intenção de informar de maneira didática aspectos da saúde mental como a depressão. 
“Foi uma experiência diferenciada e muito desafiadora como estudante de jornalismo e, principalmente, pessoa. Foi no CEMAS que compreendi a real importância e o enorme poder da educação e da comunicação”, afirmou. Beatriz conta que o projeto foi desenvolvido desde o estágio supervisionado realizado na escola no ano de 2018, quando produziram um programa especial sobre o bullying. 
A paixão pela educomunicação fez com que a jornalista continuasse com o trabalho desenvolvido com os estudantes. Foi quando surgiu o interesse em produzir uma radionovela como proposta para o seu Trabalho de Conclusão de Curso: “A ideia foi deles. Quando eu comecei meu TCC, já estava com eles. Dei sugestões e eles se interessaram pela radionovela por ser um formato dinâmico.O tema também foi escolhido por eles”, afirma.
Estudantes do Cemas praticando a arte da entrevista
Os estudantes foram estimulados a se familiarizar com a temática a partir de pesquisas e de uma roda de conversas com a psicóloga Dalila Lopes. Eles também tiveram a oportunidade de conhecer a dinâmica do rádio com visitas às emissoras locais e com as oficinas ofertadas pela jornalista. Beatriz ressalta que o grupo contribuiu com ideias para a construção da trama fictícia e toda a gravação da radionovela foi feita com os equipamentos que a escola dispõe. 
Com 440 alunos, o CEMAS conta com uma estrutura de rádioescola que foi criada para trabalhar a mídia no ambiente pedagógico e de divulgar as produções dos estudantes em sala de aula, funcionando também como um projeto de educomunicação. “O projeto fortalece o diálogo, a autonomia dos estudantes e contribui para que os estudantes possam perceber que há outras formas de aprendizagem”, afirma a diretora Michele Laudilio, professora, mestre em Educação, Cultura e Território Semiáridos e jornalista.

Alunos apresentam a radionovela
A rádio estava desativada desde 2016 pela falta de um aluno monitor. O projeto de educomunicação da jornalista Beatriz possibilitou a formação de novos estudantes para produção de conteúdos para a rádio. “A iniciativa de Beatriz de produzir um TCC colaborou para a reativação da rádio, trazendo possibilidades para os alunos. Ela fez um trabalho muito legal com eles. Eles participaram ativamente do projeto, então, é um projeto, sobretudo, de diálogo, que permitiu que os alunos dialogassem, produzissem. Isso é o diferencial da educomunicação”, afirma Michele. 
Os alunos também se apaixonaram pela possibilidades criativas da educomunicação e produziram um curta-metragem para o PROVE - Projeto de Produção de Vídeos Estudantis, do Governo do Estado. O projeto busca desenvolver o potencial educativo e artístico, por meio da experiência fílmica, criação de roteiros e de vídeos para a produção, além da diversificação e socialização de saberes. O trabalho ficou em terceiro lugar na região e é mais um projeto educomunicativo, que demonstra a construção de novos saberes produzidos pelos alunos da escola pública. 
Para conhecer os episódios da radionovela, acesse:
Capítulo 1 Radionovela Depressão na Adolescência  no link
Capítulo 2 Radionovela Depressão  na Adolescência no link
Capítulo 3 Radionovela Depressão  na Adolescência no link

 
     Michele Laudilio, Diretora do CEMAS, mestre em Educação, Cultura e Território Semiáridos e jornalista.


                                Beatriz Braga, Jornalista.

Reportagem de Rafhael Nobre, estudante de Jornalismo em Multimeios