Homens e mulheres negras do Vale do São Francisco têm lutado para assegurar direitos das comunidades quilombolas, preservação das culturas ancestrais de seu povo, pelo direito à terra e geração de renda por produção.Esse foi o tema que norteou o lançamento do livro "Quilombolas do Vale do São Francisco ", de autoria das professoras Márcia Guena e Ceres Santos em colaboração com o Grupo Rhecados, que aconteceu na quarta-feira (20/10. Dividida em oito seções, com artigos e projetos de ativistas quilombolas, a obra reflete sobre políticas públicas que devem ser estabelecidas para a existência e sobrevivência dos quilombos.
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Representantes das comunidades quilombolas discutiram a realidade dos quilombos |
Além das organizadoras, professores e alunos, representantes do Circuito Quilombola da região apareceram para trazerem suas perspectivas, como Dona Ovídia Isabel de Sena e Sueli Maria de Sena Soares, do Quilombo do Rodeadouro, Gregório dos Santos, presidente da Associação Quilombola do Alagadiço, José Henrique de Souza, presidente do Quilombo de Sítio Alagoinha, zona rural de Casa Nova, e Dona Rita José, liderança da comunidade de Sitio Alagoinha.
A professora Márcia Guena afirma que a publicação do livro pretende atingir o público acadêmico e ampliar para outros setores como o ensino fundamental e médio de escolas pública, assegurando o cumprimento da lei N° 10.639, de 9 de Janeiro de 2003, que regulamenta o ensino da Cultura Afro-Brasileira nas escolas. A lei é uma conquista para a sociedade brasileira, pois tem a finalidade de conscientizar e educar os leitores sobre as lutas e conquistas do homem/mulher negra, assegurando direitos secularmente negados.
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Livro poderá ser adotado em escolas para ensino da cultura afro-brasileira Foto: Túlio Ramos |
O presidente do Quilombo de Sítio Alagoinha, José Henrique de Souza, ressaltou a importância dos projetos sociais implantados na comunidade e descritos no livro, como o fortalecimento das produções de galinhas e mel nas comunidades quilombolas, trazendo geração de renda para as famílias da comunidade. Henrique acrescentou que os passos seguintes são consolidar os projetos referente à educação e infraestrutura para os quilombos.
Além disso, Henrique relatou que, com o desmantelamento da Fundação Palmares, as comunidades não têm mais um canal de diálogo com a comunicação com instituição, provocando a redução de implantação de políticas de proteção aos territórios quilombolas.
Por Tulio Ramos com colaboração da Redação MultiCiência