O projeto “Mapeamento participativo dos terreiros de Juazeiro” procura dar visibilidade aos terreiros de candomblé e casas de umbanda através do uso de aplicativos, como Smart Chico. Atualmente, cerca de 52 terreiros já foram mapeados em Juazeiro. O mapeamento compreende as etapas de coleta da localização, fotos e informações históricas de cada comunidade.
Para socializar os dados, foi realizado o II Seminário de Mapeamento Participativo dos Terreiros de Juazeiro-BA, nessa quarta-feira, no Departamento de Ciências Humanas. O evento contou com a presença de lideranças religiosas como Edna Rosa, do terreiro Onydancor, Alexandre Santos, do terreiro Vodun, e Lua D'Ávila, do terreiro Ilê Asé lyá Lewa.
A iniciativa do mapeamento é do projeto de pesquisa “Imagens e histórias das religiões de matriz africana de Juazeiro (BA)”, coordenada pelas professoras Marcia Guena e Céres Santos e tem como bolsistas e voluntário os alunos do curso de Jornalismo em Multimeios e Pedagogia da UNEB.
O mapeamento teve como diferencial a participação direta da comunidade religiosa, desde a seleção da foto para o aplicativo até o fornecimento de informações históricas de cada terreiro. “Realizamos visitas nas casas, conversamos com as lideranças e passamos todo o cronograma do que iria acontecer, para saber se eles estavam de acordo. Levamos em consideração toda opinião que a comunidade colocava”, informou uma das integrante do projeto, Paloma Cristina.
Para a professora e coordenadora do projeto Márcia Guena, o mapeamento "é uma forma de combate ao racismo religioso, invisibilidade aos terreiros, violências sistemáticas que as religiões de matriz africana sofrem. Além de ser importante para as pessoas de fora, porque dá acesso à uma cultura muito importante e ancestral".
A expectativa é que o número de terreiros geolocalizados aumente quando a etapa da zona rural for completada. A coleta de dados tem sido feita com o método bola de neve, que é uma técnica que utiliza redes de referências para obter informações, nesse caso, as referências foram obtidas através dos líderes dos terreiros. O grupo visitava o terreiro, e durante as entrevistas foram indicadas outras casas. Os pesquisadores também foram de bairro em bairro, procurando referências nas fachadas e buscando indícios de que ali existia um terreiro. "Juazeiro é uma cidade predominantemente negra e ainda assim inviabiliza a cultura negra por conta do racismo estrutural. Com isso, a pesquisa vinculada ao aplicativo contribui para a visibilidade desses terreiros", afirma o bolsista, Cássio Costa.
O projeto também realizou oficinas para demonstrar como usar o aplicativo para a população e principalmente os povos dos terreiros nos CRAS dos bairros Malhada da Areia, Tabuleiro e João Paulo II.
Além das professoras Márcia Guena e Ceres Santos, o projeto conta com a participação do professor Cecílio Bastos, que coordenou as atividades de geolocalização para o aplicativo Smart Chico, e a participação dos bolsistas Cássio Costa, Amanda Rodrigues, Brenda Maurício, Simara Nunes, Paloma Cristina e Marcus Gomes.
Reportagem de Túlio Ramos, com colaboração de Moacyr Santos e Ana Luisa