Marina volta para Casa

MultiCiência 24 fevereiro 2023
Sempre com tons de árvores Marina Silva, 64 anos, é notada a metros de distância. Seu estilo é impecável, elegante, mas também é discreto e inovador. Seus colares são produzidos de sementes da floresta por ela mesma. Já os vestuários são pelo estilista mato-grossense Airon Marti, o mesmo que produz peças para a primeira-dama Rosângela Lula da Silva (a Janja).

Marina Silva. Arquivo: Sumaúma - Jornalismo a partir do centro do mundo


Marina Silva é acreana de nascimento, mas ganhou o mundo desde a luta pela preservação da Floresta Amazônica juntamente com o ambientalista Chico Mendes. A figura aparenta ser frágil, mas como ela mesmo disse em um debate promovido pelo Senado e a Liderança da Bancada Feminina no ano passado: "A fortaleza é política, é técnica, é moral, é ética". 

Quem deseja conhecê-la deve atentar-se à floresta, o lugar de onde vem.

Nascida em Breu Velho, zona rural de Rio Branco, capital do Acre. A menina que sonhava em ser freira foi batizada com o nome de Maria Osmarina da Silva, mais conhecida como Marina Silva. Criada em torno da floresta só desfrutou da alfabetização aos 16 anos. O tarde encontro com o letramento não fez com que ela deixasse de desfrutar de seus estudos, formou-se em História pela Universidade Federal do Acre (UFAC).
Marina se iniciou como jovem liderança junto com os militantes como Betinho e Chico Mendes. Foto: Arquivo R7 


Sempre à frente em movimentos sociais, Marina Silva se viu na politica ou ao contrário a politica se viu nela. Só de politica ela tem mais de três décadas de vivência, foi vereadora, deputada estadual, senadora, ministra, e candidata à presidência do país por três vezes. Não obteve nenhuma vitória ao se candidatar a presidência da república, mas sua grande conquista foi o que ela conseguiu fazer durante seu mandato como ministra do Meio Ambiente no governo Lula, no período de 1º de janeiro de 2003 a 13 de maio de 2008, o desmatamento caia e a reflorestação subia. 

Marina em 2008 decidiu trilhar caminhos diferentes do Partido dos Trabalhadores ( PT) pediu demissão em forma de Carta destinada a Lula, os escritos não foram revelados. Penso que todos têm conhecimento dos atritos que ela teve entre 2006 a 2008, um deles com a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff que notoriamente se tornaria a primeira mulher eleita presidente do Brasil. Não foi o atrito maior que Marina sofreu, porém foram diversas criticas que recebeu por não concordar que o IBAMA deveria ser flexível a algumas ações do governo, na época a ministra disse que o Brasil deveria encontrar os seus limites. 

Marina Silva se sentiu atravessada e com a percepção de que não fazia mais parte da política do partido petista. Com a sua saída do PT, ela se filiou a outros partidos como o Partido Verde (PV), o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Rede Sustentabilidade, no qual foi eleita Deputada Federal pelo estado de São Paulo na eleição do ano passado. Sua volta ao Ministério do Meio Ambiente é mais que necessária, muitos pensam que ao fazer parte do governo Lula, Marina estaria sendo hipócrita ao que defende em relação às políticas ambientais. 

Porém, o Lula estaria rejeitando o próprio Brasil se não colocasse essa mulher preta, nortista e tão violada por sua aparência física e considerada frágil, no ministério. Não há como não enxergar Marina sem associar ao significado de sossego e segurança e, talvez ela traga isso, uma segurança não apenas para Amazônia que é o que o povo tanto se "preocupa", mas para o mundo. O planeta vive uma emergência climática e o Brasil pode contribuir para evitar uma catástrofe sem retorno.

Legados: Marina Silva se encontra com a jovem ambientalista Greta Thunberg em Davos, janeiro de 2023. Foto: Arquivo Metrópoles.  


As alianças na politica são necessárias, não há como combater isso. Apenas seguir o caminho, quem quer fazer a diferença precisa de apoio no congresso. Para se fazer representado internacionalmente, o pais deve ter figuras sólidas e conhecidas nos ministérios, pois o Brasil não é apenas um país fechado dentro de seu território. O Brasil é cobrado no exterior e muito criticado pelas políticas ambientais do ex-presidente Bolsonaro que incentivou o desmatamento e apoiou o garimpo em terras indígenas. 

Marina Silva é essa figura sólida e comprometida com o que Brasil tem de mais precioso que é a fauna e a flora. Defender a floresta é se fazer "floresta", é defender sem dúvida o mundo que os humanos necessitam.

Artigo por Bores Júnior, estudante de Jornalismo do curso de Seabra-UNEB