Ausência de políticas ambientais e saneamento básico causam degradação do rio Cochó em Seabra

Multiciência 07 março 2023

Localizado na Chapada Diamantina, na região do município de Seabra, Bahia, o rio Cochó é ameaçado pela construção da BR 242  e pela degradação humana, desde a década de 1960 com o aumento do índice populacional na região. Outros fatores são a falta de saneamento básico e ausência de políticas públicas para efetivar ações de revitalização do rio. 

Trecho do rio localizado próximo ao centro da cidade. Foto: Bores Júnior

Estudo realizado pelos pesquisadores Bruna Figueiredo, Raiane dos Santos, Eliana Batista e Francisco Ramon do Nascimento identifica, em uma perspectiva histórica, os impactos ambientais no rio Cochó decorrentes da expansão da cidade de Seabra nos últimos 30 anos. Os autores demonstram as ações que levaram à "destruição" das águas fluviais, como a expansão do perímetro urbano pela ocupação territorial.

Com nascente na Serra dos Três Morros, na cidade de Piatã, 100 km de distância de Seabra, o rio Cochó tem, como um dos agravantes para a degradação, a falta de um sistema de esgotamento sanitário, pois toda a impureza do calçamento urbano é escoada para dentro do rio, tornando as águas  insalubres  para o consumo. Como explica a arqueóloga e mestranda em Ciências Ambientais pela Universidade Estadual de Feira de Santana, (UEFS), Joyce Holanda, “o saneamento básico de Seabra é ineficiente, e temos uma questão séria que é não ter uma rede de esgoto. Não temos uma estação de tratamento de água e a ausência do esgoto traz impacto direto nas águas do rio. Além das questões como assoreamento, existe o gado que é criado. Os rios viraram pastos, então o gado é criado dentro dos cursos d´águas”. Joyce Holanda complementou que se faz necessário políticas ambientais para que haja a revitalização do rio Cochó. 

A cidade de Seabra contém abastecimento via captação de água subterrâneas por meio de 13 poços tubulares. Em 2020, houve aprovação no Plano de Saneamento básico para que fosse garantida a rede de abastecimento e previstos ações para efetivar o esgotamento sanitário no município, via parceria com a Embasa. Porém, até o momento, ainda inexiste um sistema eficiente de rede de esgoto.

Rio Cochó, Seabra, Chapada Diamantina Foto: Bores Junior 

Para a geóloga e professora da Universidade Estadual de Feira de Santana, Marjorie Csëko Nolasco, o rio Cochó recebe esgoto ao longo do seu curso e que deságua - apresentando-se com contaminação - no rio Paraguaçu, cuja nascente fica em Barra da Estiva, e se integra ao mar na  Baía de Todos-os-Santos.  Marjorie explica que, embora não haja estudos científicos que se refira à contaminação no Paraguaçu por causa do rio Cochó, mas afirma que o deságuo chega com uma carga pesada de agentes externos contaminantes que interferem na qualidade da água. 

Revitalização

O município de Seabra sofre com a falta de abastecimento para a população em tempos de seca, porém a cidade não tem apenas o rio Cochó, mas um  conjunto de cursos d´água que circunda a região como os rios Prata, Campestre e outros. Para reverter a degradação do Cochó, são necessárias ações de conservação e preservação como educação ambiental e políticas públicas para revitalização das águas, de forma a torná-las disponíveis para consumo humano. Essa ação deve ser assumida prioritariamente pela gestão pública. 

A Equipe da Agência Multiciência procurou a secretaria de Meio Ambiente do município, para saber  sobre as ações implementadas pelo município para conter a degradação do rio. A pasta municipal informou à Equipe que realiza palestras nas escolas para ações de conscientização, plantio de mudas de espécies nativas com a população para recuperação da nascente, fiscalização e monitoramento dos corpos hídricos da região do município. 

Texto produzido por Bores Júnior, estudante de Jornalismo, Uneb, campus Seabra (BA).