O audiovisual impulsiona a criatividade entre os jovens

Multiciência 18 novembro 2023
O Laboratório de Artes, Mídias, Tecnologias e Juventude (LABmais) é desenvolvido pelo Serviço Social do Comércio (SESC) com jovens de Petrolina e Juazeiro. O projeto promove o protagonismo entre jovens de 16 a 29 anos a partir da produção de mídias como clipes, podcasts, ensaios fotográficos, book trailers, dentre outros processos artístico-culturais. Em outubro desse ano, o laboratório  promoveu o III Fórum Nacional SESC das Juventudes que reuniu 19 jovens de todo o país e estudantes e universitários da região. 
Fernando Pereira,coordenador do LABmais /
 Foto: Luiz Rodrigues

À frente do LABmais está Fernando Pereira, licenciado em Artes Visuais (UNIVASF) e especializado em cinema e linguagem audiovisual (ESTÁCIO). O educador teve sua primeira interação com o audiovisual em 2010 quando fez parte da PELC, projeto voltado para o esporte e lazer. A partir dessas experiências, decidiu atuar como educador, atualmente com jovens. Também tem uma vasta experiência com pesquisa no campo da Fotografia, com o projeto Acervo Euvaldo Macedo, e produções de documentários e cinema pela Abajur Soluções Artísticas.

Em entrevista à Agência MultiCiência, Fernando Pereira explica como o audiovisual impacta na vida dos jovens, em especial no Vale do São Francisco. “No audiovisual você pode ser uma fada hoje, um monstro amanhã, um super herói depois de amanhã”, ressaltou. 


Multiciência: Como é trabalhar com jovens?

Fernando Pereira: A primeira coisa para a gente poder pensar é o trabalho com juventudes, e aí eu costumo dizer isso: é pensar que a juventude é o presente. Não é a ideia de que a juventude é o futuro do país, porque pensando dessa forma a gente vai estar sempre fazendo esse trabalho com a juventude em uma perspectiva de futuro e não de presente. A gente acaba esquecendo dos anseios, dos desejos, das sensibilidades, fragilidades, das potências, então trabalhar com juventude é entender o agora, é entender o presente e entender que existe as juventudes no sentido de pluralidade.

Multiciência: Qual a influência do audiovisual na vida dos jovens?

Fernando Pereira: Vivemos em um mundo atualmente muito visual e muito sonoro, temos as próprias séries, filmes. O audiovisual está de, certa forma, inserido em quase 80% na vida dos jovens, ele não só contribui para a construção de uma cultura midiática, mas também possibilita que esses jovens se comuniquem. Então, o audiovisual influencia muito nessa parte de possibilitar essa comunicação ao jovem, que, muitas vezes, não é escutado dentro de casa, na sala de aula, nas universidades, no ensino público, ensino básico. Assim, ele encontra nos aplicativos, de vídeo uma forma de se comunicar ou de consumir comunicação. É a partir do audiovisual que muitos criam, elaboram e pensam o seu cotidiano e os seus fazeres. No audiovisual, você pode ser uma fada hoje, um monstro amanhã, um super-herói. Enfim, acho que o audiovisual está ligado a essas várias possibilidades do que é ser jovem atualmente.

Fernando Pereira esclarece o trabalho feito com juventude
Foto: Luiz Rodrigues 

Multiciência: Qual importância o LABmais tem no desenvolvimento desses jovens aqui da região?

Fernando Pereira: O SESC, enquanto instituição privada, mas que a partir da sua estrutura possibilita ações sociais, abre uma turma gratuita que é o LABmais, que possibilita que 15 jovens durante o período de um ano experimentem a produção de conteúdo do ponto de vista do protagonismo. Os participantes do 3° Fórum Nacional Sesc de Juventudes viram que, apesar de ser o coordenador eu quase não aparecia no palco, nenhum momento eu estava lá presente, porque o protagonismo precisa ser da juventude. Não faz sentido a gente levantar um projeto que a ideia é garantir que a juventude  tenha espaço de fala, de escuta, se nós não possibilitamos esse espaço de fala. Então, o principal papel do LABmais na colaboração da formação desses jovens é proporcionar que esses jovens sejam protagonistas e que eles possam acreditar no próprio potencial deles.

Multiciência: Como funcionou a produção do III Fórum Nacional SESC de Juventudes, em Petrolina, ocorrido em outubro? 

Fernando Pereira: O Fórum começou a ser pensado em fevereiro desse ano. Em cada estado em que o LABmais acontece, foi indicado um jovem para participar de um processo curatorial. A partir de reuniões mensais, eles discutiram sobre quais as temáticas queriam debater, o que achavam interessante ter dentro dessa estrutura de temática. Então, o Fórum surge a partir do encontro desses 19 indicados, que discutem sobre o que é ser jovem, como trabalhar, como se sustentar, o corre do cotidiano, saúde mental, políticas culturais para a juventude. Depois que o tema é decidido, o SESC entra enquanto propositor, enquanto investidor total do evento.

Multiciência: Como o evento foi articulado para chegar a esses jovens que têm dificuldade em acessar essas produções culturais?

Fernando Pereira: Toda essa participação dessas juventudes de outros estados proporcionou que o fórum fosse gratuito para garantir que jovens que estão na universidade, nas escolas, tentando o primeiro emprego, também conseguissem ter um acesso garantido através da gratuidade. O fórum é gratuito por conta disso. Também pensamos em outras possibilidades para garantir que a juventude estivesse aqui presente, então fizemos uma parceria com a UNEB para que ela tentasse, a partir da sua estrutura, trazer os alunos para participar do fórum e também entramos em contato com outras instituições.
Fernando Rodrigues fala sobre o Fórum Nacional SESC de Juventudes
Foto: Luiz Rodrigues

Multiciência: Qual a contribuição do Fórum na formação da juventude?

Fernando Pereira: O Fórum foi um momento de escuta e foi acompanhado por dois jovens, que estão escrevendo uma relatoria, que vai ser entregue ao SESC. A partir desta relatoria, a gente vai pensar as atividades com juventudes para ano que vem, então eles irão escrever sobre o que foi levantado pelos jovens, como exemplo “onde o SESC precisa investir mais?”. Como ele pode chegar aos jovens que não conseguem acessar essa estrutura, já que ele está localizado no centro. Então, partimos para um segundo ponto, quebrar essa barreira da instituição que são as paredes, pensando em como o SESC, a partir de 2024, sai um pouco desse prédio central e vai para as periferias, para as comunidades que são um pouco mais distantes do centro da cidade.

Entrevista produzida por Rayssa Keuri (repórter), Neci Mellyssa (Rells), Luiz Rodrigues (fotojornalista) para o Especial "Curricularização da Extensão" para a Agência MultiCiência.