Jovens que compram em Brechó e Bazar ajudam a preservar o planeta

Multiciência 09 dezembro 2023

A indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo, perdendo para a indústria do petróleo. O descarte inadequado e as compras compulsivas no segmento de empresas fast fashion (empresas de roupas que produzem em grande escala em menor tempo) contribuem para essa poluição. Para reduzir os danos ambientais, Brechó e Bazar atraem jovens empreendedores neste segmento de moda.


Indyra Tolentino, mais conhecida pelo seu nome artístico Madame Voodoox, é uma jovem empreendedora que, além de trabalhar com fotografia e editorial artístico, ela tem um brechó desde 2018, com foco em roupas. A iniciativa de começar o brechó surgiu da escassez financeira para comprar no mercado de varejo. “O brechó foi um lugar onde eu consegui encontrar roupas acessíveis”, disse Voodoox.


Indyra Tolentino, Madame Voodoox. Reprodução Instagram.



Garimpo e Curadoria

Para Voodooox, garimpo seria o ato de “encontrar tesouros”, como peças diversificadas e trazer um novo significado para elas. Algumas peças são usadas ou até mesmo descartadas, mas podem ser reaproveitadas. Usar roupas de brechó é contribuir para uma moda mais sustentável, consciente e acessível. Roupas em bom estado por um valor que você pode pagar para ter acesso se tornam uma fonte de renda para amantes da moda, como é para a Madame Voodoox.


Já o Bazar, que trabalha com doações de roupas em grandes volumes, também pode comercializar objetos, sapatos, bolsas e dependendo do local, até móveis. No brechó há curadoria das roupas, pois as peças são separadas e tratadas. Contudo, geralmente, no bazar; há uma aleatoriedade de objetos.


No processo do garimpo, o trabalho pode levar até cinco horas, que é o caso da Madame Voodoox. Ela separa as peças que valem a pena consertar ou se servem para outros fins de uso, como customização. “Levo pra casa e faço o processo de higienização das peças, mas antes uma análise”, diz Voodoox. A higienização é o processo da curadoria, onde há a remoção de pelos e bolinhas das peças e em seguida a desinfecção da roupa. 


Voodoox cita que faz uma mistura de produtos (misturinha mágica) com componentes que agem ativamente em manchas e sujeiras invisíveis, atuando na remoção de ácaros e bactérias que possam ter nas roupas


Oficina de Garimpo e Curadoria. Foto: Maria Fernanda Gonçalves.



Sustentabilidade

Ao garimpar roupas em bazar ou brechó, os jovens contribuem na preservação do planeta. A indústria do petróleo é a primeira mais poluente do mundo. É dessa indústria onde é feita o poliéster, uma das fibras mais produzida pela indústria petroquímica por ser uma fibra de uso variado e usada na indústria têxtil Todos os anos são necessários 70 milhões de barris de petróleo para a produção do poliéster.


Com vários tipos de poliéster, muitos não são biodegradáveis, dificultando a decomposição da peça, levando até 200 anos para se decompor. Uma outra fibra que compõe várias peças é a viscose, é necessário derrubar 70 milhões de árvores por ano para a produção dessa fibra artificial.


Reutilização de roupas e acessórios. Fotos: Maria Fernanda Gonçalves.


Laíse Ribeiro é estudante de Jornalismo e acredita no potencial do mercado de roupas e defende a sustentabilidade ambiental como consumidora de brechó. “Uma das vantagens em comprar em brechó é comprar roupa de qualidade por um preço justo. Além disso, você consegue contribuir para o meio ambiente, porque a indústria da moda é uma das que mais polui”.


O Brasil é o 9° país mais consumista do mundo, movimentando a fast fashion, que emite gás carbônico na produção de roupas, além de contribuir para a poluição. O segmento também costuma usar trabalho precarizado e de exploração da mão de obra, uma vez que conglomerados de empresas vendem roupas em grande escala e de produção rápida. Conudo, o trabalhador não é valorizado no processo de produção de larga escala. Comprar em Brechó e Bazer é também uma atitude para preservação do planeta.


Por Maria Fernanda Gonçalves, estudante de Jornalismo em Multimeios.