A indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo, perdendo para a indústria do petróleo. O descarte inadequado e as compras compulsivas no segmento de empresas fast fashion (empresas de roupas que produzem em grande escala em menor tempo) contribuem para essa poluição. Para reduzir os danos ambientais, Brechó e Bazar atraem jovens empreendedores neste segmento de moda.
Indyra Tolentino, mais conhecida pelo seu nome artístico Madame Voodoox, é uma jovem empreendedora que, além de trabalhar com fotografia e editorial artístico, ela tem um brechó desde 2018, com foco em roupas. A iniciativa de começar o brechó surgiu da escassez financeira para comprar no mercado de varejo. “O brechó foi um lugar onde eu consegui encontrar roupas acessíveis”, disse Voodoox.
Indyra Tolentino, Madame Voodoox. Reprodução Instagram. |
Garimpo e Curadoria
Para Voodooox, garimpo seria o ato de “encontrar tesouros”, como peças diversificadas e trazer um novo significado para elas. Algumas peças são usadas ou até mesmo descartadas, mas podem ser reaproveitadas. Usar roupas de brechó é contribuir para uma moda mais sustentável, consciente e acessível. Roupas em bom estado por um valor que você pode pagar para ter acesso se tornam uma fonte de renda para amantes da moda, como é para a Madame Voodoox.
Já o Bazar, que trabalha com doações de roupas em grandes volumes, também pode comercializar objetos, sapatos, bolsas e dependendo do local, até móveis. No brechó há curadoria das roupas, pois as peças são separadas e tratadas. Contudo, geralmente, no bazar; há uma aleatoriedade de objetos.
No processo do garimpo, o trabalho pode levar até cinco horas, que é o caso da Madame Voodoox. Ela separa as peças que valem a pena consertar ou se servem para outros fins de uso, como customização. “Levo pra casa e faço o processo de higienização das peças, mas antes uma análise”, diz Voodoox. A higienização é o processo da curadoria, onde há a remoção de pelos e bolinhas das peças e em seguida a desinfecção da roupa.
Voodoox cita que faz uma mistura de produtos (misturinha mágica) com componentes que agem ativamente em manchas e sujeiras invisíveis, atuando na remoção de ácaros e bactérias que possam ter nas roupas
Sustentabilidade
Ao garimpar roupas em bazar ou brechó, os jovens contribuem na preservação do planeta. A indústria do petróleo é a primeira mais poluente do mundo. É dessa indústria onde é feita o poliéster, uma das fibras mais produzida pela indústria petroquímica por ser uma fibra de uso variado e usada na indústria têxtil Todos os anos são necessários 70 milhões de barris de petróleo para a produção do poliéster.
Com vários tipos de poliéster, muitos não são biodegradáveis, dificultando a decomposição da peça, levando até 200 anos para se decompor. Uma outra fibra que compõe várias peças é a viscose, é necessário derrubar 70 milhões de árvores por ano para a produção dessa fibra artificial.
Reutilização de roupas e acessórios. Fotos: Maria Fernanda Gonçalves. |
Laíse Ribeiro é estudante de Jornalismo e acredita no potencial do mercado de roupas e defende a sustentabilidade ambiental como consumidora de brechó. “Uma das vantagens em comprar em brechó é comprar roupa de qualidade por um preço justo. Além disso, você consegue contribuir para o meio ambiente, porque a indústria da moda é uma das que mais polui”.
O Brasil é o 9° país mais consumista do mundo, movimentando a fast fashion, que emite gás carbônico na produção de roupas, além de contribuir para a poluição. O segmento também costuma usar trabalho precarizado e de exploração da mão de obra, uma vez que conglomerados de empresas vendem roupas em grande escala e de produção rápida. Conudo, o trabalhador não é valorizado no processo de produção de larga escala. Comprar em Brechó e Bazer é também uma atitude para preservação do planeta.