Juventude investe em práticas empreendedoras para gerar renda

Multiciência 05 dezembro 2023

Em 2023, o desemprego entre jovens de 18 a 24 anos cresceu 18% no primeiro trimestre, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2022, o percentual era de 16,4%. A taxa de desocupação também é expressiva entre mulheres, que chega a 10,8%, enquanto os homens no mesmo período foi de 7,2%. 

Além disso, do quarto trimestre de 2022 ao primeiro de 2023, a Bahia liderou o ranking das maiores taxas por falta de empregabilidade. O desemprego atinge sobretudo pessoas negras no país, saiu de 9,9% para 11,3%, enquanto a desocupação entre pessoas brancas saiu de 6,2% para 6,8%. 

Diante desse cenário, a juventude usa de práticas empreendedoras para garantir a sustentabilidade financeira. Após concluir o ensino médio, Israiane Brito se desapontou ao enviar mais de cem currículos e não obter respostas positivas. “O ápice do cansaço e frustração foi quando fiz um psicoteste e tirei nota 64, mas uma antiga amiga minha  - branca, magra e de cabelo liso - que havia tirado 32, é que foi chamada para uma entrevista”, conta Israiane. 

Depois dessa decepção, Brito decidiu fazer o hobby de trançar cabelo como  empreendimento que lhe garantisse sustento financeiro, pois já realizava isso na familia. Ela cuidava do cabelo da mãe e de suas amigas desde os 14 anos. “Iniciei o meu empreendimento em 2021 em casa mesmo, com o que tinha”. Atualmente, a empreendedora de 20 anos e moradora do Vale do São Francisco é especialista em tranças e busca, através de sua arte, transmitir beleza, afeto e celebrar a identidade afrobrasileira e o protagonismo negro. 


Israiane Brito, trancista. Reprodução Instagram

Empreendedorismo

Assim como Israiane, existe uma juventude que busca, através das práticas empreendedoras, adquirir sua renda financeira. No entanto, de acordo com o pesquisador Gabriel Ulbricht, é preciso ter atenção, pois os valores do empreendedorismo que buscam incentivar a juventude a ter uma cultura inovadora capaz de criar seu próprio emprego na verdade escondem problemas contemporâneos que afetam os trabalhadores juvenis dificultando a entrada no mercado de trabalho com precariedade, resultando no desemprego prolongado ou intermitente. 

Gabriel explica que a abertura desses negócios se dá por dois motivos: empreendimento por necessidade ou oportunidade. O primeiro possui um anseio maior para suprir inicialmente o desemprego e que não é seguramente esquematizado ou bem desenvolvido. O segundo é uma atividade diferente que procura estabelecer uma motivação da criação do próprio negócio e anseio por autorrealização, além de uma melhor organização que possibilita gerir adequadamente o investimento.

Nessa perspectiva, após ter trancado uma graduação, Karine Ramos, decidiu se ocupar com alguma atividade e começou a usar o passatempo que tinha com a fotografia para buscar sua autonomia financeira. “Já era maior de idade e queria ter a minha independência, mesmo ainda estando na casa dos meus pais”. Ramos trabalha como fotógrafa há mais de seis anos e iniciou essa ocupação profissional quando tinha menos de 23 anos. Ela considera uma área desafiadora, pois vários profissionais realizam o serviço em Petrolina-PE e com isso acaba não tendo muito espaço no ramo. Porém, aposta na sua criatividade e deseja ocupar o espaço já que está se formando em Jornalismo em Multimeios.


Karine Ramos, fotógrafa. Reprodução Instagram 


Karine afirma também que, no início de seu empreendimento, foi um desafio tanto para seu público quanto para ela que ainda não era conhecida e não tinha a experiência prática que possui atualmente. Nesse sentido, é importante que a juventude que acredita nas práticas empreendedoras, enquanto proporcionadora de autodeterminação e sustentabilidade financeira, fique atenta aos riscos e dificuldades que essa atividade acarreta.


Por Lívia Bernardo, estudante de Jornalismo em Multimeios.