Os Impactos da Pandemia na Vida dos Profissionais da Saúde em Curaçá

Multiciência 09 junho 2021

Foto: A tribuna

A pandemia causada pelo novo Corona vírus (SARS-CoV-2) é uma experiência inédita para os brasileiros. A população está em um momento delicado, com espalhamento do vírus em todo território nacional. Assim como vários outros lugares, a cidade de Curaçá-Bahia sofre várias mudanças tanto no comércio local, como nas escolas, hospitais, postos de saúde. A população da zona urbana e rural teve de se adequar a nova rotina de proteção com uso de máscara, álcool e manter o distanciamento social. Para a comunidade, são novos hábitos que não estavam preparados, mas a mudança maior foi no dia-a-dia dos profissionais da saúde.

Embora os médicos sejam peça chave para diagnósticos nesse momento, os profissionais de enfermagem são de fundamental importância no combate a Covid-19. Nas cidades do interior, com pouca oferta de médico, eles se tornaram os atores principais nessa pandemia, com atuação contínua dentro dos hospitais e postos. Atuando desde o ano passado, os profissionais da área da saúde estão esgotados, e toda essa exaustão ocorre não apenas pelo número de casos e mortes de pacientes, colegas de profissão e família, mas pelas alterações que a pandemia ocasiona no bem-estar pessoal e profissional.

Aos 24 anos, a enfermeira Emanuella Ohana Lionel atua na área há um ano e um mês e conta que o começo de sua jornada como enfermeira foi quando iniciou a pandemia. Uma semana depois de integrada a nova rotina de trabalho, apareceu o primeiro caso de Covid-19. Ela estava de plantão com a profissional da saúde, auxiliar de serviços gerais, que testou positivo no dia 16 de abril. Desde então, já foram confirmados 1063 casos da doença, e 26 pessoas morreram em decorrências de complicações, segundo boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde, de Curaçá, publicado em 9 de Junho. O boletim informa que 953 pessoas tiveram cura clínica, e quatro pacientes do sexo masculino, na faixa etária de 34 a 58 anos, estavam em isolamento domiciliar.

Saúde mental dos profissionais da saúde durante a COVID-19

Profissionais da área, como enfermeiros, fisioterapeutas, médicos e técnicos de enfermagem, são os mais vulneráveis ​​à infecção pelo COVID-19 porque estão em contato direto com o paciente e seus fluidos. Isso pode gerar estresse e adoecimento mental, pois há o medo de se infectar e espalhar o vírus para sua própria família, colegas e até pacientes. Além disso, a longa jornada de trabalho, a necessidade de equipamentos de proteção individual (EPI) e infraestrutura de atendimento precária podem causar sentimentos de solidão e desespero, além de estados emocionais como irritabilidade, fadiga física e mental e desespero. Outro agravante é a redução de funcionários,  provocada pela ausência de colegas por infecção por coronavírus, e que acarretam sobrecarga de trabalho, o que aumenta ainda mais o estresse crônico.


“A demanda aumentou muito tanto na parte assistencial, como na parte burocrática, porque existem protocolos de Covid-19 do município que passam tudo pelo enfermeiro, responsável pela unidade de saúde básica da família", afirma Emanuela. A profissional ainda esclarece que o salário não é recompensador e não há reconhecimento em termos financeiros. "Devido toda essa demanda, a vida pessoal está muito exaustiva tanto física como mental”, conta.

Equipamentos de proteção individual 

Além das máscaras e luvas, existem outros equipamentos de segurança que devem ser utilizados de forma racional, como óculos de proteção ou protetor facial, vestimenta de mangas longas ou macacão com pés e capuz impermeáveis, aventais impermeáveis e respiradores. Existem também as cabines de segurança, que podem reduzir o medo de ser contaminado ou de contagiar algum paciente.

A Diretora de Atenção Primaria a Saúde da Prefeitura de Curaçá, Franciely Alves Nascimento, esclarece que todos os equipamentos são devidamente distribuídos igualitariamente para todos os funcionários. São distribuídos semanalmente para cada coordenador da unidade de saúde da família. No início da pandemia, a demanda ficava no estoque para três meses. Agora, o crescimento de casos requer a distribuição semanal. A esperança é que a situação fique estável até que campanha de vacinação consiga imunizar a maioria da população.

Reportagem de Joana Darck, estudante de Jornalismo em Multimeios para Agência MultiCiência.

Email: darckcosta8@gmail.com