Jornalista
formado há quatro anos, Kris de Lima é um repórter apaixonado por música. “No
princípio Deus criou o céu e a terra”, brincou ao começar a contar a própria
história. Da mesma forma como começou essa entrevista, Kris é conhecido por
levar a vida desde gurizinho: leve e com humor.
O
homem de 27 anos é descendente de uma geração que contribuiu para o jornalismo
na região do Vale do São Francisco. Eurípedes Lima, também conhecido como “Seu
Galo”, é avô do jornalista. Seu Galo foi um dos primeiros comunicadores a atuar
no sistema de radiodifusão, implantando alto-falantes pela cidade de Juazeiro
na década de 40.
Apesar
de ter falecido quando o neto tinha nove anos, Seu Galo conseguiu passar a
paixão pelo jornalismo para outra geração. Jorge, o pai do jornalista também
criou um programa de rádio chamado Música dos Grandes Mestres, no qual tocava
músicas clássicas. Mesmo no sangue, o interesse pela comunicação surgiu cedo.
“Ser o porta-voz das notícias era uma coisa que me deixava muito extasiado.
Saber as novidades e passar para as pessoas sempre me deixou muito animado”.
Desde
então, a entrada no mundo da comunicação foi rápida e decisiva. Logo de cara,
em 2012, o comunicador passou no curso de Jornalismo na Universidade do Estado
da Bahia, no campus localizado em Juazeiro, a cidade de nascimento do
jornalista. Sua mãe sempre o deixou bem à vontade para escolher o curso, já seu
pai não gostou muito da ideia. Como boa parte dos pais, Jorge queria que o
filho fosse médico, mas eventualmente ficou feliz pela aprovação. “Queria fazer
o que eu queria e não dei muita bola para opinião de ninguém”.
A
primeira experiência de Kris no mundo do jornalismo foi no segundo ano de curso,
no estágio na TV Caatinga, da Universidade Federal do Vale do São Francisco.
“Não tinha pesquisado muita coisa sobre a TV Caatinga, e aí me perguntaram ‘O
que você sabe sobre a TV Caatinga?’ e eu disse ‘Olha, eu não sei nada porque
fiquei sem internet nesse final de semana”. Assim iniciaram os dois anos de
estágio.
Sempre
muito autêntico, Kris não sentiu tantas dificuldades durante o período de
curso. Sempre produziu tudo com sua identidade e o mais natural possível.
Talvez a maior dificuldade tenha sido o cansaço. Estagiava pela manhã e em
outro período tinha que estar na faculdade, gerando um dos maiores obstáculos
dentro do âmbito acadêmico: a fadiga “Até discuti no meu TCC justamente sobre
essa questão dos ritos e paradigmas dentro da universidade. Se realmente são
saudáveis para os alunos e o que isso provoca”. O Trabalho de Conclusão de
Curso do jornalista foi sobre as dificuldades de se produzir um TCC e insistiu
no tema justamente por ser “polêmico”.
Depois
do TCC aprovado e já formado, Kris começou a fazer trabalhos em uma TVWeb para
a Prefeitura de Casa Nova, no interior da Bahia. Nessa experiência, o
comunicador realizava coberturas de festas do município, só aí percebeu na
prática o trabalho de assessoria. Dentro desse período, surgiu o convite para
cobrir a Copa TV Grande Rio de Futsal. “Mas deixaram claro durante a entrevista
que seria temporário. Me falaram que não iriam ficar comigo”. Foram três anos
cobrindo jogos, greves e a pandemia na afiliada da Rede Globo, em Petrolina.
A
TV Grande Rio foi uma mãe, mas surgiu o convite para atuar na TV São Francisco,
onde trabalha atualmente. O jornalista conta que tem sido uma experiência bem
bacana e que foram mudanças boas, nada a reclamar.
Provando que tem o avô, Seu Galo, presente na sua vida, a entrada do jornalista no mundo da música tem relação com o radialista. O músico foi percebendo, que nas composições do avô, o sarcasmo, a ironia e o humor eram muito presentes, características encontradas na personalidade do neto. “Lamento muito que não consegui ter muito contato com ele. Acho que a gente daria super bem, seria uma dupla muito bacana”.
O
primeiro contado de Lima com a música foi com a flauta doce, na escola, e, em
2012, depois de muito tempo sem contato com a música, pegou o violão da irmã. Do
violão passou para a guitarra, depois para o teclado... E voltou de cara para a
música, que acabou virando um hobby.
Apesar
da música, o jornalismo é a paixão do comunicador. Não tem plano B e muito
menos plano C, já é uma coisa que faz parte da vida de Kris.
Chegando
ao fim da nossa entrevista, Kris de Lima pergunta “É isso? Temos?” e assim
encerramos a conversa como começamos e como Krishnamurti leva a vida desde 15
de março de 1994, com muito humor.
Fotos:
Arquivo pessoal.
Reportagem de Júlia R. Mendes para Agência Multiciência.