Entre as peculiaridades de um comunicador

Multiciência 09 julho 2021

Krishnamurti Silva de Lima “Kris de Lima”.

Carismático. É como pode ser definido Krishnamurti Silva de Lima, ou, como também é conhecido na região, Kris de Lima. “Fechou demais! Vou até passar perfume”, disse ele, mesmo a entrevista sendo realizada online, devido a pandemia de Covid-19.

Jornalista formado há quatro anos, Kris de Lima é um repórter apaixonado por música. “No princípio Deus criou o céu e a terra”, brincou ao começar a contar a própria história. Da mesma forma como começou essa entrevista, Kris é conhecido por levar a vida desde gurizinho: leve e com humor.

O homem de 27 anos é descendente de uma geração que contribuiu para o jornalismo na região do Vale do São Francisco. Eurípedes Lima, também conhecido como “Seu Galo”, é avô do jornalista. Seu Galo foi um dos primeiros comunicadores a atuar no sistema de radiodifusão, implantando alto-falantes pela cidade de Juazeiro na década de 40.

Apesar de ter falecido quando o neto tinha nove anos, Seu Galo conseguiu passar a paixão pelo jornalismo para outra geração. Jorge, o pai do jornalista também criou um programa de rádio chamado Música dos Grandes Mestres, no qual tocava músicas clássicas. Mesmo no sangue, o interesse pela comunicação surgiu cedo. “Ser o porta-voz das notícias era uma coisa que me deixava muito extasiado. Saber as novidades e passar para as pessoas sempre me deixou muito animado”.

Ananda (avó), Jorge (pai) e Seu Galo (avô).

Desde então, a entrada no mundo da comunicação foi rápida e decisiva. Logo de cara, em 2012, o comunicador passou no curso de Jornalismo na Universidade do Estado da Bahia, no campus localizado em Juazeiro, a cidade de nascimento do jornalista. Sua mãe sempre o deixou bem à vontade para escolher o curso, já seu pai não gostou muito da ideia. Como boa parte dos pais, Jorge queria que o filho fosse médico, mas eventualmente ficou feliz pela aprovação. “Queria fazer o que eu queria e não dei muita bola para opinião de ninguém”.

A primeira experiência de Kris no mundo do jornalismo foi no segundo ano de curso, no estágio na TV Caatinga, da Universidade Federal do Vale do São Francisco. “Não tinha pesquisado muita coisa sobre a TV Caatinga, e aí me perguntaram ‘O que você sabe sobre a TV Caatinga?’ e eu disse ‘Olha, eu não sei nada porque fiquei sem internet nesse final de semana”. Assim iniciaram os dois anos de estágio.

Sempre muito autêntico, Kris não sentiu tantas dificuldades durante o período de curso. Sempre produziu tudo com sua identidade e o mais natural possível. Talvez a maior dificuldade tenha sido o cansaço. Estagiava pela manhã e em outro período tinha que estar na faculdade, gerando um dos maiores obstáculos dentro do âmbito acadêmico: a fadiga “Até discuti no meu TCC justamente sobre essa questão dos ritos e paradigmas dentro da universidade. Se realmente são saudáveis para os alunos e o que isso provoca”. O Trabalho de Conclusão de Curso do jornalista foi sobre as dificuldades de se produzir um TCC e insistiu no tema justamente por ser “polêmico”.

Depois do TCC aprovado e já formado, Kris começou a fazer trabalhos em uma TVWeb para a Prefeitura de Casa Nova, no interior da Bahia. Nessa experiência, o comunicador realizava coberturas de festas do município, só aí percebeu na prática o trabalho de assessoria. Dentro desse período, surgiu o convite para cobrir a Copa TV Grande Rio de Futsal. “Mas deixaram claro durante a entrevista que seria temporário. Me falaram que não iriam ficar comigo”. Foram três anos cobrindo jogos, greves e a pandemia na afiliada da Rede Globo, em Petrolina.

A TV Grande Rio foi uma mãe, mas surgiu o convite para atuar na TV São Francisco, onde trabalha atualmente. O jornalista conta que tem sido uma experiência bem bacana e que foram mudanças boas, nada a reclamar.

Provando que tem o avô, Seu Galo, presente na sua vida, a entrada do jornalista no mundo da música tem relação com o radialista. O músico foi percebendo, que nas composições do avô, o sarcasmo, a ironia e o humor eram muito presentes, características encontradas na personalidade do neto. “Lamento muito que não consegui ter muito contato com ele. Acho que a gente daria super bem, seria uma dupla muito bacana”.

Sarau UNEB.

O primeiro contado de Lima com a música foi com a flauta doce, na escola, e, em 2012, depois de muito tempo sem contato com a música, pegou o violão da irmã. Do violão passou para a guitarra, depois para o teclado... E voltou de cara para a música, que acabou virando um hobby.

Apesar da música, o jornalismo é a paixão do comunicador. Não tem plano B e muito menos plano C, já é uma coisa que faz parte da vida de Kris.

Chegando ao fim da nossa entrevista, Kris de Lima pergunta “É isso? Temos?” e assim encerramos a conversa como começamos e como Krishnamurti leva a vida desde 15 de março de 1994, com muito humor.

 

Fotos: Arquivo pessoal.

Reportagem de Júlia R. Mendes para Agência Multiciência.