Com o tema “Uma xícara de café gera amizades”, II Ecofestival do Café da Serra dos Morgados valoriza produção local e promove o ecoturismo

Multiciência 17 julho 2024
Foto: Ana Beatriz Menezes

O Ecofestival do Café é um evento realizado pelos produtores de café da Serra dos Morgados, que fica localizada nos municípios de Jaguarari e Campo Formoso, no Território Piemonte Norte do Itapicuru, na Bahia, em parceria com diversas instituições, públicas e privadas. A segunda edição aconteceu entre 12 e 15 de julho de 2024 e teve como tema “Uma xícara de café gera amizades”.

Foram três dias marcados por uma programação diversa, mas que tinha objetivos comuns: contribuir à produção local de café, divulgá-la e mostrar para o mundo as belezas da região serrana que une as duas cidades e impulsiona a economia local e o turismo. Oficinas como as de plantio, manejo da plantação, colheita, pós-colheita, filtragem, montagem de cafeteria e produção de cafés especiais marcaram os momentos destinados à capacitação de produtores locais, que, atualmente, chegam a um total de mais de 200.

Segundo Juracy Marques, professor da Uneb de Juazeiro, coordenador do evento e produtor de café, natural da Serra dos Morgados, “O grande diferencial que nós temos esse ano é o lançamento da linha de cafés especiais da Serra, que tem todo um processo diferente, e está sendo produzido pelos próprios moradores, que já produzem há muito tempo”.


Foto: Ana Beatriz Menezes

Marques destaca a importância de se existir espaços como esse para que haja a valorização cultural e a conscientização sobre a necessidade de preservar a Serra. Para além da questão econômica e de lançar a linha de cafés especiais, o coordenador explica o objetivo principal do evento tem ligação estreita com o Movimento Salve as Serras, idealizado por Juracy e outras pessoas que se interessam pela preservação da área: “Dentro da xícara de café que você compra da Serra, tem essa luta ecológica por trás dela”, enfatiza.


Foto: Ana Beatriz Menezes

Como um típico Ecofestival, o evento contou com trilhas ecológicas, guiadas por condutores que levaram os turistas a desbravar as serras, e a saber da importância dos ecossistemas ali existentes. Além disso, shows como o do coletivo Semiáridas, apresentações culturais locais como o Reisado, e o Café Literovisual garantiram a parte artística do evento, que, durante à noite, chegou a ter temperaturas próximas dos 10°C, um clima atípico para o Sertão da Bahia, mas que é o ideal ao crescimento e frutificação do café.


Grupo Mandala - Batuque Mulher. Foto: Organização do Evento

Falando em frutos, no primeiro dia, foi exibido o documentário “A história do café da Serra dos Morgados”, que conta um pouco de como essa cultura surge na Serra, e quais fatores explicam porque a região vem se consolidando como produtora da bebida mais consumida no mundo — de forma orgânica —, chegando a competir com cafés como o de Piatã, também produzido na Bahia, na Chapada Diamantina.

Feira da Economia solidária e oficina de torra


Foto: Ana Beatriz Menezes

No Ecofestival,  há também o espaço para outras produções orgânicas da região, seja de alimentos, bebidas — como os tradicionais doces, geléias e cocadas de frutas nativas —, ou ainda de produtos artesanais, como sandálias e bolsas de couro e produtos de decoração, esculpidos em madeira. É a Feira da Economia Solidária, que reuniu nesta edição do evento produtores de diversas cidades, além das sediadoras, como Uauá e Senhor do Bonfim, e comercializou durante os três dias o que há de melhor no interior baiano.

Gaúcha, moradora de Morro de São Paulo (Bahia), Magda Reis é entusiasta do ambientalismo e apaixonada por café. Psicóloga aposentada, foi ao Ecofestival do Café pela primeira vez, e diz que o intuito do evento lhe chamou a atenção. “A proposta, por ser um lugar ecológico e que precisa de recuperação ambiental. Investir nisso e tornar este lugar conhecido é muito importante.”, destaca.

Dentre as oficinas realizadas, a sobre Torras de Café, que aconteceu no segundo dia (13) foi ministrada pelo Mestre de torras Túlio Fernando, de João Pessoa (PB), que ganhou em 2022 o 4º Campeonato Brasileiro de Torra. O Mestre realizou uma formação atenta aos produtores locais, que viram possibilidades de expandir suas produções e terem uma produtividade ainda maior, pois a torra é um processo que pode “pôr o café a perder”, caso não feita da forma correta.


Foto: Ana Beatriz Menezes

Por Ana Beatriz Menezes, estudante de Jornalismo em Multimeios e monitora do MultiCiência.