Foto: Ana Beatriz Menezes |
O Ecofestival do Café é um evento
realizado pelos produtores de café da Serra dos Morgados, que fica localizada
nos municípios de Jaguarari e Campo Formoso, no Território Piemonte Norte do
Itapicuru, na Bahia, em parceria com diversas instituições, públicas e
privadas. A segunda edição aconteceu entre 12 e 15 de julho de 2024 e teve como
tema “Uma xícara de café gera amizades”.
Foram três dias marcados por uma
programação diversa, mas que tinha objetivos comuns: contribuir à produção
local de café, divulgá-la e mostrar para o mundo as belezas da região serrana
que une as duas cidades e impulsiona a economia local e o turismo. Oficinas
como as de plantio, manejo da plantação, colheita, pós-colheita, filtragem,
montagem de cafeteria e produção de cafés especiais marcaram os momentos
destinados à capacitação de produtores locais, que, atualmente, chegam a um
total de mais de 200.
Segundo Juracy Marques, professor da Uneb de Juazeiro, coordenador do evento e produtor de café, natural da Serra dos Morgados, “O grande diferencial que nós temos esse ano é o lançamento da linha de cafés especiais da Serra, que tem todo um processo diferente, e está sendo produzido pelos próprios moradores, que já produzem há muito tempo”.
Foto: Ana Beatriz Menezes |
Marques destaca a importância de
se existir espaços como esse para que haja a valorização cultural e a
conscientização sobre a necessidade de preservar a Serra. Para além da questão
econômica e de lançar a linha de cafés especiais, o coordenador explica o
objetivo principal do evento tem ligação estreita com o Movimento Salve as
Serras, idealizado por Juracy e outras pessoas que se interessam pela
preservação da área: “Dentro da xícara de café que você compra da Serra, tem
essa luta ecológica por trás dela”, enfatiza.
Foto: Ana Beatriz Menezes |
Como um típico Ecofestival, o
evento contou com trilhas ecológicas, guiadas por condutores que levaram os
turistas a desbravar as serras, e a saber da importância dos ecossistemas ali
existentes. Além disso, shows como o do coletivo Semiáridas, apresentações
culturais locais como o Reisado, e o Café Literovisual garantiram a parte
artística do evento, que, durante à noite, chegou a ter temperaturas próximas
dos 10°C, um clima atípico para o Sertão da Bahia, mas que é o ideal ao
crescimento e frutificação do café.
Grupo Mandala - Batuque Mulher. Foto: Organização do Evento |
Falando em frutos, no primeiro
dia, foi exibido o documentário “A história do café da Serra dos Morgados”, que
conta um pouco de como essa cultura surge na Serra, e quais fatores explicam
porque a região vem se consolidando como produtora da bebida mais consumida no
mundo — de forma orgânica —, chegando a competir com cafés como o de Piatã,
também produzido na Bahia, na Chapada Diamantina.
Feira da Economia
solidária e oficina de torra
No Ecofestival, há também o espaço para outras produções orgânicas da região, seja de alimentos, bebidas — como os tradicionais doces, geléias e cocadas de frutas nativas —, ou ainda de produtos artesanais, como sandálias e bolsas de couro e produtos de decoração, esculpidos em madeira. É a Feira da Economia Solidária, que reuniu nesta edição do evento produtores de diversas cidades, além das sediadoras, como Uauá e Senhor do Bonfim, e comercializou durante os três dias o que há de melhor no interior baiano.
Gaúcha, moradora de Morro de São Paulo (Bahia), Magda Reis é entusiasta do ambientalismo e apaixonada por café. Psicóloga aposentada, foi ao Ecofestival do Café pela primeira vez, e diz que o intuito do evento lhe chamou a atenção. “A proposta, por ser um lugar ecológico e que precisa de recuperação ambiental. Investir nisso e tornar este lugar conhecido é muito importante.”, destaca.
Dentre as oficinas realizadas, a sobre Torras de Café, que
aconteceu no segundo dia (13) foi ministrada pelo Mestre de torras Túlio
Fernando, de João Pessoa (PB), que ganhou em 2022 o 4º Campeonato Brasileiro de
Torra. O Mestre realizou uma formação atenta aos produtores locais, que viram
possibilidades de expandir suas produções e terem uma produtividade ainda
maior, pois a torra é um processo que pode “pôr o café a perder”, caso não
feita da forma correta.
Foto: Ana Beatriz Menezes |